Auschwitz, o turismo de reflexão

2 de outubro de 2019
Irineu Ramos

Amantes de história geral sempre incluem visitas ao Coliseu quando estão em Roma; ao Pathernon, na Grécia; às pirâmides, no Egito; à Via Dolorosa, em Israel; e uma infinidade de lugares quando estão em outros países. Todos vão à busca da sensação de estar num ambiente onde os livros escolares descrevem acontecimentos que marcaram a historia mundial. Auschwitz é um desses lugares.

Nem todos têm a coragem de visitar os campos de concentração quando chegam a Polônia. Auschwitz é um ponto obrigatório aos que chegam às terras polonesas. É uma visita que condiciona o respeito à reflexão, local que todos deveriam conhecer um dia.

Há inúmeros campos de concentração distribuídos na Alemanha, Polônia, na então Tchecoslováquia (hoje, República Tcheca), Itália, Noruega, Áustria, França e Croácia. Mas, Auschwitz virou um símbolo representativo da crueldade que o nazismo impôs à milhões de pessoas. Caminhar pelas vias que separam os inúmeros pavilhões é sentir o medo e a coragem de milhões de prisioneiros de guerra.

Muitos visitantes acham “angustiante” visitar os alojamentos (transformados em museu) com milhares de fotos, outros milhares de sapatos, uma sala só com cabelo humano, outra com brinquedos de crianças…, mas, é preciso olhar para essas peças com o pé no futuro. Tudo o que está ali é para ser lembrado e não repetido. Lamentar o passado não muda a vida dos que se foram. A história não tem volta. É um caminhar para frente tendo na memória os erros passados para que não sejam repetidos. É para isso que todos devem ir lá.

“Desde a entrada do campo, com a frase “O trabalho liberta” a emoção toma conta do visitante. Impressiona a quantidade de aros de óculos, sapatos, malas, equipamentos de barbear, cabelos e muito mais exposta nos pavilhões”

É bem legal conhecer um pouco da história que não está nos livros e que proporciona a humanização do contexto da época. Curiosidades são sempre bem recebidas. Lá o visitante fica sabendo que durante o Holocausto, cerca de 60 milhões de marcos alemães (Reichmarks), equivalente a mais de R$ 700 milhões, foram gerados em Auschwitz graças ao trabalho escravo. 

Uma outra informação dá conta de que um guarda da SS (Schutzstaffel), a temida polícia, se apaixonou por uma prisioneira judia e salvou sua vida inúmeras vezes enquanto ela esteve no campo de concentração. A mulher, por sua vez, testemunhou a favor do soldado nazista quando foi julgado por seus crimes ao final da guerra. E ainda, o fato de que mais pessoas morreram em Auschwitz do que a soma das perdas britânicas e norte-americanas durante toda Segunda Guerra.

A visita a Auschwitz começa em Cracóvia. O campo de extermínio nazista fica a 80 quilômetros dali, na cidade de Oswiecim. A visitação é gratuita mas são cobrados taxas para grupos com guia. A viagem de trem entre ambas as cidades dura em torno de uma hora e meia e custa 2,5 euros. Da estação é possível ir à pé até o campo localizado a pouco menos de dois quilômetros.

O ideal é fazer o percurso com guia. O polonês é um idioma difícil de entender e um passeio completo com transporte e acompanhante sai por 30 euros. Vale a pena. Impressiona a quantidade de estudantes de todas as partes do mundo visitando o local.

Na visita o turista verá o que sobrou das câmaras de gás, dos alojamentos, dos fornos crematórios e salas onde os judeus passavam por experiências horríveis (amputações e etc.). E, ainda alguns pertences das pessoas que ali perderam a vida.

A história

Inúmeros painéis com fotos da época da chegada dos prisioneiros ao campo. Não eram apenas judeus. Havia ciganos, prisioneiros comuns, homossexuais e pessoas consideradas inaptas para os nazistas

Auschwitz I foi inaugurado em 20 de maio de 1940,  e foi o primeiro de um complexo. Era o centro administrativo dos campos, é nele que se localiza a famosa placa com a frase “Arbeit Macht Frei (O trabalho liberta). Foi nele que os nazistas testaram a primeira câmara de gás. O teste inicial com o gás Zyklon B matou 850 prisioneiros polacos e russos, em setembro de 1941.

 A experiência foi considerada um sucesso e utilizada no campo em 1941 e 1942, além de serem construídas câmaras também em outros campos. De todos os prisioneiros que passaram por Auschwitz I, apenas 300 conseguiram fugir. Por outro lado, aproximadamente 70 mil prisioneiros polacos e soviéticos morreram neste campo. Em 27 de janeiro de 1945, o exército dos soviéticos liberou ainda cerca de 7.500 prisioneiros.


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