Em busca de repertório

20 de agosto de 2018
LPM

Começo esse texto citando Fernando Pessoa, “A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos”.  Entendi o poeta na prática e hoje tenho um bom repertório de histórias para contar. Afinal, ousei me jogar no mundo.

Quando tudo começou

Cresci viajando pelo Brasil com minha família. E para quem cresce com pais que viajam sabe que aqui é que começa tudo. O desejo pelo mundo. Com 19 anos fui fazer um intercâmbio na Austrália para aprender inglês. Desisti da sala de aula, e preferi a estrada. Passei seis meses viajando pela Austrália, Nova Zelândia e Indonésia. Foi nesta viagem que percebi que o mundo passaria a ser minha casa.

Aprender inglês acabou ficando em segundo plano. Então com 21 insisti. Dessa vez fui para os Estados Unidos para aprender o idioma. Depois de uma semana de curso mudei os planos e fui para a Costa Rica para surfar. Mais uma vez voltei para o Brasil sem saber falar inglês, mas com uma prancha de surfe enorme e “hablando un poquito de español”.

Um ano depois, tive outra oportunidade de ir morar nos EUA. Dessa vez foquei no aprendizado da língua, o que de fato é um conhecimento muito importante. Depois de um tempo lá fiz um MBA e comecei a estagiar no escritório de turismo da Jordânia na América do Norte.

Jordânia entrou na minha vida

Esse foi um dos maiores desafios e aprendizados da minha vida. Comecei a trabalhar com  turismo do país árabe logo após o atentado de 11 de setembro de 2001. Eu não sabia nada sobre o país até então. Mas isso foi na verdade uma motivação. Me engajei a fazer com que os norte-americanos pudessem perceber a beleza de um dos países mais incríveis do mundo.

Trabalhei com eles durante quase 8 anos, e pude viajar por vários países e conhecer culturas lindas. Houve anos que passei menos de 50 dias em meu apartamento. Uma opção que a cada dia me fazia uma pessoa melhor e mais completa.

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E depois larguei tudo!

Em 2009, acredito que passei pela crise dos 30 e decidi que era um bom momento para largar tudo que eu amava e estava tendo o maior sucesso fazendo para passar um tempo comigo, aprender sobre o desconhecido e vencer alguns medos. Em plena crise econômica mundial, larguei um incrível trabalho e estabilidade financeira para ir me aventurar pela África. Ninguém conseguia entender o que eu estava fazendo e por quê eu estava tomando aquela decisão.

Enfim, entre fevereiro a setembro de 2009, passei por 13 países, começando pelo Oriente Médio, incluindo uma passagem pelo Egito e uma viagem fascinante pelo Iraque, e depois África. Fiz voluntariado em Uganda por 2 meses, em um lugar surreal, uma vila de 400 pessoas onde 90% delas tinham AIDS. Eu queria saber mais sobre esta doença e o impacto que ela causava em uma sociedade. Foi chocante e muito dolorido o meu tempo lá. Consegui fazer muitas coisas, construir parte da escola, trazer comida para as crianças e até consertar o sistema para trazer água potável para a vila.

Além destes projetos que eu “financiava”, também dava aula de inglês e geografia na escola para as crianças,  sendo que a maioria delas eram órfãs de pai e mãe. Desta parte da viagem, a maior lição que tive foi de ver a importância de olhar para o macro e ver que a vida não diz respeito apenas a nós mesmo.

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Uma das maiores lições que tive desse tempo lá, foi quando estava indo embora. Eu sabia o bem que eu tinha feito para aquela vila, porém percebi que as crianças estavam bravas comigo. Segundo elas eu era como todas as outras pessoas que eles amavam, e os abandonavam. Aquilo mexeu comigo de tal forma, e pude compreender que  nossa intenção nunca pode ser tomada como verdade absoluta mas também não pode deixar de ser defendida.

Fiquei em choque e sem atitude. Fui embora da vila em transe. Depois de dois dias sem conseguir fazer absolutamente nada, inclusive seguir viagem, voltei para a vila para falar com as crianças e explicar que apesar de ir embora, eu os levaria em meu coração. E para sempre os amaria.

Depois desta experiência, fui me aventurar pela África na boleia de um caminhão. Passei por Uganda, Ruanda, Quênia, Tanzania, Zambia, Zimbabwe, Botswana, Namíbia, África do Sul e Moçambique, sempre me envolvendo muito com  a parte cultural de cada um destes países. Explorei muito aqueles parques e aprendi muito da cultura local, desconstruí alguns preconceitos e paradigmas em mim e quebrei tabus lá.

Um desses tabus quebrados foi a ideia de que para eles uma mulher ser solteira com mais de 30 anos é uma doença. Em uma conversa com uma local de uma vila entre o Quênia e a Tanzânia, pude explicar minha visão e filosofia, e ela entendeu o que significa ser solteiro, ser inteiro e integral. Ser feliz independente de relacionamentos. Ela terminou a conversa me dizendo que levaria meu exemplo e história quando sua filha completasse 15 anos e começasse a ser pressionada a casar. Só de viver esse momento toda minha viagem já valeu a pena.

 Por fim voltei ao Brasil. Queria ficar perto da minha família e abrir minha empresa. A cada passo, a cada escolha a cada momento eu fui sendo construída no que sou hoje. Todos que passaram e que passam pelas nossas vidas nos compõem. Tudo isso faz parte do repertório que busco construir todos os dias.

Qual é o seu repertório?

A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira atua há mais de 65 anos com a missão de fomentar intercâmbios econômicos, culturais e turísticos entre árabes e brasileiros, tendo ao longo dos anos alcançado papel fundamental no desenvolvimento do relacionamento entre esses dois povos. Nosso objetivo é consolidar e ampliar parcerias, gerar oportunidades e, principalmente, aproximar brasileiros e árabes, atuando como facilitadores do fluxo de informação e de conhecimento entre eles.

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