Como a Fênix, Varsóvia ressurge das cinzas

16 de julho de 2019
Irineu Ramos

Como o pássaro da mitologia grega, a capital polonesa, Varsóvia, renasceu das cinzas após os bombardeios da II Grande Guerra e é hoje símbolo de modernidade e vitória na Europa Central. A parte antiga da cidade, totalmente destruída, foi reconstruída respeitando as características originais. Um trabalho que serve de exemplo para o mundo e traz uma satisfação imensa ao visitante.

Um dia antes de ser ocupada pelo exército nazista, em setembro de 1939, Varsóvia contava com um milhão e cem mil moradores. Era uma cidade progressista, bonita, e uma das mais tolerantes no aspecto religioso. Os judeus correspondiam a pouco mais de um terço da população. Um dia depois de terminada a guerra, em 1945, a cidade tinha apenas mil habitantes. Isso mesmo. Apenas mil pessoas ressurgiram das ruínas da capital após os bombardeios que não deixaram uma construção em pé. A capital do país tinha sido arrasada.

Passados sete anos, sob o domínio russo, a parte antiga já havia se transformado, restaurada, respeitando todas as características originais. A coragem, a dedicação e o orgulho dos sobreviventes, unidos, reergueram toda uma cidade mantendo intacta a história e, principalmente, a memória dos poloneses.

Varsóvia foi totalmente reconstruída depois da guerra. Dominada pelos soviéticos as construções obedeciam uma linha arquitetônica que não dava valor à estética. Por isso muitas construções no estilo ‘caixote’. Com a abertura política grandes multinacionais foram para lá e deram um toque moderno e arrojado nas edificações

Visitar a capital da Polônia atualmente é entrar em contato com edificações típicas do construtivismo soviético, uma linha de arquitetura onde a utilidade cede lugar aodesign com opção pela atividade coletiva em detrimento do individualismo. Muito interessante de se observar. As construções públicas são monumentais. Em 1989, com o fim do comunismo, o país foi invadido por grandes multinacionais europeias e americanas que construíram edifícios enormes, modernos, arrojados, formando um grande contraste na paisagem.

Descubra a cidade pelas construções históricas. Vá para a torre Barbakana, e as ruínas das famosas as muralhas da cidade antiga em formato semicircular que atuavam como fortificações contra ataques de inimigos. Construída em 1540, a original tinha 14 metros de largura e 15 de altura a partir do fundo do fosso que cercou os muros da cidade.

Durante a Segunda Guerra Mundial, em particular no cerco de Varsóvia (1939) e a revolta de 1944, a barbakan foi destruída em grande parte, assim como a maioria dos edifícios da Cidade Velha. Foi reconstruída entre 1952-1954, com base em gravuras do século XVII. Na restauração, os tijolos foram usados ​​a partir de edifícios históricos demolidos nas cidades de Nysa e Wrocław. Hoje o local é uma atração turística popular.

Nos museus a história da guerra é bastante detalhada. Fotos antigas mostram a reconstrução da cidade depois do confronto e retratam a coragem e o empenho dos sobreviventes e reconstruir o país.

Para quem reconhece o valor de uma restauração, ficará estupefato ao entrar na Praça do Mercado da Cidade Velha. É impressionante o trabalho executado ali tendo como base apenas fotografias antigas. Diversas ruas e praças medievais foram totalmente recriadas conforme originalmente com inúmeros bares, cafés, restaurantes, igrejas e o castelo de Varsóvia. Tudo isso distribuído de forma harmônica cria um ambiente acolhedor e nostálgico.

Paira no ar uma alegria reconfortante. Perto dali, na Krakowskie Przedmiescie, uma das ruas mais movimentadas, o visitante também encontra uma infinidade de restaurantes e hotéis. Além, claro, de igrejas. Cerca de 85% dos poloneses se declaram católicos.

Na mesma rua o turista se impressiona com a estátua de um dos mais famosos filhos da Polônia: Nicolau Copérnico. Quem gosta da história da ciência ficará impressionado com o monumento. Preste atenção e olhe para o chão. Nele está o sistema solar com a rotação dos planetas em volta do Sol. Encontre a Terra e observe que a Lua, nosso satélite, está lá.

A Cidade Velha é linda. Na Krasinski Plac confira o monumento em homenagem a todos os poloneses que combateram o nazismo na década de 1940. Observe o detalhe de um adolescente com um capacete adulto em homenagem às crianças que combateram na guerra.  Na praça há um pequeno museu (Uprising Museum) muito bem organizado que complementa todas as informações necessárias para entender este engajamento popular naquela ocasião.

A cidade oferece bons restaurantes a preços confortáveis. Apesar de estar inserida na comunidade europeia, a Polônia ainda mantém o zolt como moeda circulante, o que é muito vantajoso para o turista que chega com euros ou dólares. Tudo muito barato. A vista panorâmica mostra o contraste das construções.

A capital polonesa é muito bem servida de áreas públicas de lazer. O Parque Lazienkié o maior de Varsóvia e ocupa 80 hectares do centro da cidade. Nele está uma estátua de Chopin colocada lá antes da II Guerra Mundial. Na base deste monumento emblemático de um dos maiores compositores da história, nas tardes de domingo, no verão, acontecem recitais gratuitos de melodias do artista para piano. A árvore estilizada sobre a figura do compositor lembra as mãos e os dedos de um pianista. Tudo no local inspira arte e reflexão. No parque está, também, aResidência Real de Verão, construída em 1680, para o soberanoEstanislau II, último rei da Polônia.

Aos amantes da musica, a visita ao Fryderyk Chopin Museum (Ul. Okólnik1) é obrigatória. Criado no início dos anos 1930 o museu é totalmente interativo e apresenta a maior coleção de objetos e peças, esculturas, manuscritos e cartas pertencentes a Chopin que retratam a vida deste romântico, revolucionário, apaixonado e trágico precursor musical franco-polaco.

Equipamentos de áudio individuais permitem ao visitante conhecer todas as principais obras. Além disso, a exposição conta a infância do músico em Varsóvia, a vida em Paris e os últimos anos de vida. Lá está cachos de cabelo do artista, uma máscara do seu rosto e de uma das mãos. No ar, o suave perfume de violetas, a flor predileta dele. O aniversário do nascimento de Chopin é celebrado dia 1º de março, embora tenha sido registado a 22 de fevereiro de 1810. O Aeroporto Frédéric Chopin, de Varsóvia, foi uma homenagem ao compositor.

Conheça também o Palácio da Cultura e da Ciência, um arranha-céu construído em 1955, com 33 andares e 237 metros de altura. É atualmente o 146º edifício mais alto do mundo. O mirante do 30° andar é fantástico. Vê-se toda a cidade. No complexo do palácio estão teatros e áreas de eventos.

Onde ficava o gueto de Varsóvia hoje abriga uma série de conjuntos habitacionais e o museu do judeu polonês, que conta a história dos mil anos a presença dos judeus na região. 

Memorial do Gueto

Onde existiu o gueto de Varsóvia é hoje um bairro residencial com construções modernas. Na área central foi construído recentemente oMuseu da História do Judeu Polonês, que atua também, como um memorial do gueto. O local, ainda em fase de montagem do acervo, se propõe a retratar os mil anos do povo judeu naquela região da Europa Central. É possível passear pelo parque que circunda toda a construção e refletir num cenário real sobre uma parte da história da humanidade. No chão ainda estão as marcas onde ficavam os antigos muros que dividiam o gueto do restante da cidade.

Visite:

Museu da História do Judeu Polaco

Ul. Bzozowa, 11/13

Palácio da Cultura e Ciência

Pl. Defilad, 1

Museu Frederico Chopin

Ul. Tamka, 43

Guia local em português

Jacek Jaroszenwicz (Jacinto)

Jacek.jaroszewicz@wp.pl – www.guideanddrive.pl

Restaurante:

Stary Dom (Ul. Putanwska, 104)– Ambiente requintado com preço acessível.

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