É incrível como as coisas fluem quando você está com a mente tranquila.
Comecei minha escola e tirei meu visto de estudante semanas depois de me mudar, ou seja, as partes 2 e 3 do plano, na qual citei no texto 8, haviam sido concluídas com sucesso também.
Faltava agora só a parte 4: arrumar um trabalho.
Imprimi cerca de 50 currículos, e saí distribuindo pelos arredores do meu bairro. Por coincidência, um amigo que morava comigo, trabalhava na cozinha de um hotel literalmente do lado da nossa casa, e disse que o gerente poderia estar procurando alguém com o inglês bom, para uma vaga de garçom.
Fui até lá, e fiz o teste.
Fiquei o dia inteiro seguindo e aprendendo com uma das pessoas que, hoje, é um dos meus melhores amigos irlandeses.
Entretanto, no final do dia, fui pegar um último pedido em uma mesa, e acabei errando o pedido, por não entender muito bem o sotaque irlandês, bem difícil por sinal, e diferente do inglês americano que aprendi ao longo da minha vida.
O cliente reclamou com o gerente, e quando meu dia de teste terminou, me dirigi a ele, e disse:
– Olha, sinto muito, mas muito mesmo pelo meu erro. Prometo que, se me der uma chance de trabalhar aqui, eu serei o melhor é mais leal funcionário que você terá na vida… eu realmente preciso desse trabalho e…
Então, ele me interrompeu, e rindo, disse:
– Garoto, se acalme… todo mundo comete erros, inclusive eu, que já trabalho aqui há anos e falo a língua nativa. O emprego é seu.
E então, com lágrimas nos olhos, ganhei uma caneta, um bloco de notas e uma espécie de crachá de identificação.
Levei para casa um dos menus, uma bandeja, tirei fotos do sistema que usavam para colocarem os pedidos, e estudei a noite inteira, para no outro dia, já estar mais familiarizado com tudo.
Naquele dia, lembro de chegar em casa com o sentimento mais vitorioso que alguém poderia ter. Paris e romenos eram passado, e eu havia concluído minhas 4 primeiras metas de quando desembarquei em solo irlandês.
“4 Primeiras” pois ainda assim, haviam as 10 missões da minha história a serem concluídas, lembram-se?
Meu foco agora seria trabalhar muitas horas, para recuperar meu dinheiro e do Vini. Trabalhar para viajar o mundo, para continuar conhecendo novas pessoas, novos lugares, novas culturas, e um dia voltar para casa, com um sentimento de vitória.
Espero que vocês tenham gostado dessa mini-série de aventura/drama/comédia/suspense/etc.
Todas as vezes que escrevo ou releio essa história, sinto que fiz a escolha certa, por mais difíceis que tenham sido as adversidades.
Essa foto, ao final do texto, foi em uma de minhas primeiras folgas, quando fui ao show da banda The Chainsmokers, e coincidência ou não, a única música deles que eu gosto (e muito) se chama “Paris”, local onde toda minha história começou.
Voltar para o Brasil, depois de todos os problemas que aconteceram, seria o mais fácil. Teria uma casa, minha família, amigos, arrumaria um novo trabalho… mas viveria sempre com aquele sentimento e lembrança de ter falhado.
Mas também, eu poderia seguir jornada, passar vários perrengues, me estabilizar e ter essa oportunidade de contar uma grande história para todos um dia.
Acho que acertei na escolha, afinal de contas, não existe aventura sem um protagonista com coragem.
O Lobo Solitário.
#livealifeyouwillremember