V&A Dundee inspira viajantes em roteiro pela Escócia

14 de janeiro de 2019
Andrea Miramontes

Inaugurado em setembro na Escócia, o V&A Dundee já entrou para a lista de cartões-postais imperdíveis de viajantes no mundo todo.

O prédio de arquitetura dramática às margens do rio Tay é daqueles projetos que você fica pasmo com o desenho, procura o melhor ângulo para fotografar e sai de lá apaixonado, transpirando ideias e arte.

Trata-se do primeiro Victoria and Albert Museum fora de Londres. Em apenas um mês, o museu já havia recebido mais de 100 mil pessoas.

Crédito: V&A Dundee/HuftonCrow

O novo marco arquitetônico foi projetado pelo japonês Kengo Kuma, arquiteto responsável pelo estádio Olímpico de Tokyo, para Olimpíadas no Japão em 2020.

O projeto em Dundee é irmão do primeiro V&A, de Londres, de 1852, que leva o nome da rainha Victoria. Ela vestiu a coroa em 1837 e se casou com Albert, entusiasta de arte.

Agora, o V&A Dundee reúne o design escocês em um só lugar com entrada gratuita. De acordo com Kengo Kuma, “uma nova sala de estar para a cidade”.

Justamente a frase “A living room for the City” foi a mais usada pelo arquiteto japonês na inauguração, em setembro. O museu custou 80 milhões de libras.

Kuma, professor da Universidade de Tokyo e arquiteto que coleciona prêmios pelo mundo, desenhou o V&A para reconectar a cidade à natureza. O rio à Dundee.

“Inspirei-me em penhascos da Escócia. É como se a terra e a água tivessem uma longa conversa e, finalmente, criassem essa forma impressionante”, diz.

 

Mais de 300 exposições de design escocês estão no centro do museu, no Socottish Design Galleries.

De cara, ao subir as escadas para as galerias, uma obra gigante da artista Ciara Phillips é a primeira experiência visual dos visitantes.  A artista é vendedora de um Turner Prize – premiação anual a britânicos no Tate Modern, em Londres.

Painel da Ciara Phillips Crédito: Lado B Viagem

Entre os objetos de design garimpados pela curadora do museu, Joanna Norman, em toda Escócia, o lugar exibe 200 peças nas galerias.

As peças ímpares no design vão de joias a vestidos fashion, como um desenhado pelo escocês Christopher Kane, de 2015.

OAK Room

Crédito: V&A Dundee/HuftonCrow
Oak Room, uma das obras-primas de Mackintosh, pode ser visitada no V&A Dundee

No centro destas galerias está a OAK Room, a mais emblemática do museu. Vitrais coloridos iluminam a sala gigante de madeira projetada para ser uma sala de chá tradicional escocesa.

Trata-se da restauração histórica de um projeto de interiores feito pelo famoso arquiteto escocês Charles Rennie Mackintosh, famoso arquiteto e designer escocês, um gênio do final do século 19 para o século 20.

É a maior obra de design de interiores feita pelo artista que faria 150 anos em 2018.

Com apoio do governo, a OAK Room foi resgatada da destruição em 1971 e remontada no local como obra de arte permanente.

“Restaurar um (projeto de) Mackintosh escondido por quase 50 anos foi uma das partes mais empolgantes da criação da V&A Dundee”, diz Philip Long, diretor do museu.

A sala de 13,5 metros de altura e pé-direito duplo foi projetada pelo arquiteto e designer escocês em 1907.

“O trabalho de Mackintosh me ensinou que a transparência pode ser atingida na arquitetura, usando materiais naturais. Na OAK Room, as pessoas percebem o respeito dele pela natureza, e espero que conectem isso com o design do V&A Dundee”, avalia Kuma.

O museu tem café na parte térrea, onde também está a lojinha, além de um restaurante com vista para o Rio Tay na parte superior.

Crédito: Lado B Viagem | Museu escocês inaugurou em Setembro e reuniu imprensa do mundo todo, fui a representante do Brasil

Por que em Dundee?

Dundee, a quarta maior cidade da Escócia, foi declarada como uma das cidades Criativas do Design pela Unesco em 2014. São 69 em todo o mundo, incluindo a nossa Curitiba, além de Berlim, Bilbao e outras.

No século 19,  foi um centro têxtil e industrial da Escócia, fábricas que hoje abrigam centros de arte descolados, escolas, empresas de mídia digital e até hotéis, como o Hotel Índigo, uma dessas antigas indústrias e se transformou com um projeto de design supermoderno.

A cidade também foi um porto importante do país, famoso pela construção de navios imensos. O museu está estrategicamente ao lado do último navio de madeira feito em Dundee, o RRS Discovery, cuja primeira missão foi em 1901 à Antártida.

Museu à margem do rio Tay foi construído ao lado do último navio de madeira feito em Dundee, o RRS Discovery, de 1901. Crédito: Lado B Viagem.

Com estratégia, incentivo à educação, investimento em universidades, em escolas de arte e criatividade, hoje se destaca como um dos polos importantes de mídia digital.

O V&A encontrou sua casa perfeita na cidade, que transpira criatividade, ideias, centros gratuitos para desenvolvimento de artes plásticas e digitais.

A inauguração do museu faz parte de um projeto maior de revitalização das margens do Rio Tay, que tem um investimento do governo escocês de 1 bilhão de libras.

De acordo com Tristram Hunt, diretor do V&A, trata-se de um marco cultural para a cidade.

“É um momento marcante na história da V&A. Estamos extremamente orgulhosos de compartilhar essa parceria excepcional, a primeira desse tipo no Reino Unido, e ajudar a estabelecer um novo centro internacional de design que celebra a herança cultural da Escócia.”

Como chegar e onde ficar

Apenas 1 hora de trem liga Dundee e Edimburgo(ou 6h30 de Londres).  Saindo da estação de trem no destino, literalmente ao atravessar a rua, você topa com o museu.

É a melhor maneira de chegar à cidade. Em pesquisa rápida, encontrei um trecho de Edimburgo a Dundee por até 11 libras (cerca de R$ 55)

No caso de um bate e volta, para se hospedar em Edimburgo, recomendo o hotel de melhor localização e cheio de história no destino o The Scotsman Hotel, hotel de luxo em edifício do começo do século 20.

O hotel tem quartos de madeira tipicamente escocês e manteve as características originais, com mármores e vitrais gigantescos. No século passado, o prédio era ocupado pelo principal jornal de Edimburgo, de mesmo nome.

Para quem quer conhecer melhor Dundee, o que recomendo, pois a cidade transpira arte e criatividade, em minha opinião o melhor hotel e mais novo da cidade chama-se Índigo.

Trata-se de um hotel boutique com o design milimetricamente pensado. Ele foi construído em uma antiga fábrica de junco e preserva o passado da cidade. É daqueles lugares que sabe guardar a tradição do passado e se reinventar.

Quartos moderninhos, um hall de entrada de impressionar e serviço de primeira, para entrar no clima de Dundee e de todo o design que a cidade inspira.

Serviço

Hotel Índigo (Dundee)

https://www.hotelindigo.com

The Scotsman Hotel (Edimburgo)

O blog Lado B Viagem esteve na Escócia a convite do Visit Britain e Visit Scotland.

 

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