Paraitinga de origem indígena tupi-guarani significa “águas claras” , desde a época dos bandeirantes fez parte da história do Brasil por onde passou nosso café e o ouro mineiro.
Pequenina e graciosa, se esconde entre Taubaté e Ubatuba protegida pela serra do mar de montanhas verdejantes. E no estado de São Paulo fez sua história de alegrias e tristezas.
COMO TUDO COMEÇOU
O Capitão Vieira da Cunha e João Sobrinho de Moraes alegaram pretender povoar a região dos sertões da Paraitinga e, por isso, receberam do Capitão de Taubaté, Felipe Carneiro de Alcaçouva e Souza as primeiras sesmarias da então Vila de Guaratinguetá, que havia explorado todo aquele sertão, apresentou ao Governador, capitão-general D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, um requerimento em que vários povoadores lhe pediam para fundar junto ao Rio Paraitinga e entre Taubaté e Ubatuba, uma nova povoação.
A 2 de Maio de 1.769 essa petição foi deferida, recebendo a povoação o nome de São Luiz e Santo Antonio do Paraitinga, sendo a padroeira Nossa Senhora dos Prazeres. No dia 8 de maio de 1.769 o sargento mor Manoel Antonio de Carvalho foi nomeado fundador e governador da nova povoação.
Um incentivo do governador geral estimulou a mudança de mais gente para o local que foi elevada à Vila em janeiro de 1.773, instalada a 31 de Março do mesmo ano. A Vila teve rápido progresso de início, mas depois veio a estacionar na cultura dos cereais e só muito mais tarde se deu início à plantação de café e algodão. Por lei provincial a 30 de Abril de 1.857 foi elevada a categoria de cidade e por título de 11 de junho de 1.873 obteve a denominação de “Imperial Cidade de São Luiz do Paraitinga”.
Transforma-se em Estância Turística a cidade de São Luiz do Paraitinga (Aprovado pela Lei Estadual nº 11.197 de 5 de julho de 2002).
A arquitetura colonial possui 437 edificações muito bem preservadas e tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) resultando no maior acervo arquitetônico de São Paulo. Ainda é possível observar fortes traços do ciclo de Ouro e café em seus casarões preservados.]
Passeando pela cidade , o colorido de suas casas chama a atenção de quem explora suas ruas de paralelepípedos e cheiro de café coado exalando pelas janelas. Suas principais atrações que são a Casa e Museu Dr. Oswaldo Cruz, a Capela das Mercês, o Mercado Municipal e as igrejas de Nossa Senhora do Rosário contam a história de seu mais ilustre morador: Oswaldo Cruz.
Oswaldo Gonçalves Cruz foi um cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro. Foi pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil.
A gastronomia caipira típica de São Luiz do Paraitinga tem suas receitas originárias nas culturas indígena, europeia e africana, como o feijão tropeiro, a canjiquinha com costelinha de porco e o afogado – prato típico do local, que é um ensopado de carne servido com farinha de mandioca que pode ser encontrado nos principais restaurantes das cidade acompanhado claro, pela famosa cachaça produzida na cidade e para completar um sorvete de queijo.
A cidade também é famosa por suas festas religiosas como a Festa do divino do Espírito Santo. Durante essa festividade que já existe a dois séculos acontece o encontro das bandeiras, a novena do Divino e inúmeros grupos folclóricos de danças típicas que apresentam suas danças como Congada, Moçambique, Catira, Dança de Roda, Dança de Fita e também brincadeiras como Pau de Sebo, entre outros.
O Carnaval da cidade, considerado um dos carnavais mais famosos do estado de São Paulo , reúne milhares de turistas todos os anos pois ainda conserva as tradicionais marchinhas carnavalescas e bonecos gigantes que alegram turistas e foliões que desfilam suas fantasias coloridas pelas ruas ornamentadas.
Mas no dia 01 de janeiro de 2010, uma grande tragédia se abateu sobre a cidade. Uma enchente de grandes proporções do Rio Paraitinga atingiu a cidade destruindo grande parte de seus casarões e seu patrimônio histórico, castigado por contínuas chuvas parte dos casarões, duas igrejas, duas escolas e uma biblioteca foram ao chão. O mar de lama atingiu a infraestrutura básica e parte da infraestrutura turística. A pequena Capela das Mercês construída em 1814 que desabou, tornou-se um símbolo da cidade, por ter sido a primeira construção a ser reinaugurada após a tragédia .
Com a ajuda e solidariedade dos governos estadual e federal, e dos órgãos patrimoniais , Universidades e apoio de cidades vizinhas e da população da cidade , a pequena São Luiz foi sendo reconstruída e trazendo o colorido e o encanto de uma cidade do interior chamada Parahytinga – São Luiz de Paraitinga.
O poeta caipira Ditão Virgílio declama os versos de seu poema sobre a enchente que assolou a cidade de São Luiz do Paraitinga em 2010, ocasionando o desastre que ainda persiste no cotidiano e memória dos habitantes.
Abaixo segue um poema que fez parte da matéria principal do dia no site do Portal de Pindamonhangaba sobre o que aconteceu em 2010 na cidade.
“Passarinho não parava de cantar
Até o sol amanheceu contente
De repente o sol foi embora e uma nuvem cinza tomou o seu lugar.
Uns pingos de chuva começaram a se esbarrar na gente
O pessoal começou a correr pra tudo quanto foi lugar
Parecia gato fugindo de enchente
Logo em seguida, trovões insistiam em cair sem escolher lugar.
Assustando até os mais valentes
O rio que era manso começou a se afogar
E não havia mais solo pra pisar
A enxurrada se deixou levar
O patrimônio de toda a gente
Foi-se a igrejinha de uma torre só
-E agora quem vai ouvir as nossas preces?-
Resmungou o padre descontente
(…)
O sol voltou sem se culpar
Quem sabe se a culpa não é da gente?
Coloquei a casa pra secar no varal
Fui tirar a lama do quintal
Hoje é o melhor dia pra recomeçar
A respeitar o meio ambiente!”
Fernando Selmer – janeiro de 2010