Capítulo 7: Despedida na The Cavern

11 de julho de 2020
Léo Oliveira
Foto: Léo Oliveira

Seguimos o grupo de forasteiros, que pareciam bem animados e querendo saber sobre nossas vidas. Agora, quando chegamos no bar, imaginem assim: aquela cena de filme, onde o cara conhece uma garota em uma festa e ela fala:
– Vamos para um lugar melhor?

O cara aceita, e quando chega lá, ele era apenas uma isca para uma orla de vampiros, sedentos por sangue. Bom… foi quase isso.

Por onde passávamos, as pessoas encaravam a gente, e minha preocupação com nossas mochilas era grande, então falei:
– Vini, fica aqui, e vou arrumar melhor minhas coisas.

Fui para o banheiro, organizei meu mochilão, e no maior estilo velho oeste, entrei novamente no bar, com todos me encarando, e sem baixar a guarda.
Mas quando fui até onde havia deixado o Vini com os caras… cadê o Vini? Sumiu.

Comecei a procurá-lo enlouquecidamente, e do lado de fora do terraço, lá estavam, sentados, e ele com um copo de cerveja na mão.

Me juntei a eles, e depois de um tempo conversando, o Vini levanta correndo e fala que vai ao banheiro… para minutos depois, voltar e dizer:
– Léo, vamos perder nosso ônibus. Precisamos ir.

Na hora, já me liguei, e tudo porque não tínhamos nenhum ônibus para pegar.

Nos despedimos rapidamente da galera, e eles falando:
“Onde vocês vão?”
“É cedo ainda!”
“Vamos para uma festa!”

Pegamos nossas mochilas, saímos vazados do local, e quando olho para a cara do Vini, a pupila mais dilatada do que após usar colírio de oculista. Sim, colocaram algo em sua bebida.

Ao olharmos para trás, alguns deles estavam nos seguindo, e então, utilizando da velocidade Léonicius novamente, corremos. Entramos em um beco e após termos certeza de que estávamos seguros, decidimos então irmos para o The Cavern, e de alguma maneira, tentarmos amenizar o ocorrido.

Aquele lugar, definitivamente, foi pra fechar com chave de ouro. Cover dos The Beatles, e muita história envolvida.

O The Cavern foi nosso último destino juntos, de uma viagem que planejamos por anos, e não saiu quase nada conforme o plano. Rimos e choramos juntos, e não há dinheiro que pague isso.

Desde o começo, o Vini foi a pessoa quem manteve os pés dele e os meus no chão. Ele é e sempre será o protagonista e capítulo mais importante da minha história.

Agora ele seguiria para Berlim, eu para Dublin, e na hora que nos despedimos, ele me abraçou e falou:
– Chegou a hora de você ganhar o mundo, irmão.

Então prometi, que só voltaria quando isso acontecesse.

Dormi no aeroporto, peguei meu primeiro voo sozinho, e desembarquei em território irlandês. O plano de sobreviver sem dinheiro nos destinos anteriores foi concluído com sucesso, e agora, era só eu… e eu mesmo.

Veja também no LPM

Eu VIVO Portugal (Overview)

“Há três espécies de Portugal, dentro do mesmo Portugal”, assim Fernando Pessoa, famoso poeta português, começa um texto onde discorre na verdade sobre

Leia Mais