O que é tecnologia verde? Se tempos atrás a tecnologia parecia a vilã do meio ambiente, agora ela é a aliada. Cientistas, engenheiros e pesquisadores trabalham por um planeta mais limpo para, com a ajuda da tecnologia, desenvolver soluções que reduzam os impactos ambientais. É esse o conceito de tecnologia verde: o avanço tecnológico que reduz ou elimina impactos ambientais negativos. Vão de painéis solares em telhados de residências a fazendas verticais iluminadas por LED, passando por carros elétricos que silenciam o barulho das ruas e por filtros que limpam a água de rios poluídos.
Em vez de só reduzir danos, a tecnologia verde busca criar sistemas inteligentes, que funcionam em sintonia com a natureza. É uma resposta direta ao esgotamento dos recursos do planeta.
O que é tecnologia verde e por que ela importa?
A tecnologia verde engloba inovações pensadas desde o início para a preservação dos recursos, seja reduzindo emissões, reaproveitando recursos, gerando menos lixo ou promovendo o uso consciente da energia. Ela aparece em diferentes formas: nas turbinas que geram energia limpa do vento, nos sistemas inteligentes que reduzem o desperdício de água, nos prédios que se autorresfriam sem precisar de ar-condicionado ou nos aplicativos que conectam consumidores a pequenos produtores locais. É a tecnologia usada em total parceria com a natureza e não para substituí-la.
Talvez por conta dos grandes avanços tecnológicos, o conceito de tecnologia verde venha acompanhado da ideia de que ela depende só de grandes laboratórios ou governos. Mas, muitas das soluções criativas e eficientes surgem de startups, comunidades e jovens inovadores.
Exemplos reais de impacto positivo
1.Energia solar para quem mais precisa: Solar Sister
Na África, o projeto Solar Sister capacita mulheres para se tornarem empreendedoras de energia solar. Elas vendem lanternas e painéis solares em regiões sem acesso à eletricidade, levando luz a milhares de casas e renda para a família. O projeto já capacitou cerca de 11.600 mulheres empreendedoras em países como a Nigéria, Tanzânia e Quênia e alcançou 5,8 milhões de pessoas com acesso à energia limpa. Estima-se que já foram reduzidas mais de 1,4 milhão de toneladas de CO₂, além da melhora na renda, na saúde e na inclusão nas comunidades atingidas.
2. Agricultura de precisão
Com sensores no solo e drones, agricultores conseguem usar a quantidade exata de água e fertilizantes. Isso reduz o impacto ambiental e aumenta a produtividade. A tecnologia vem sendo usada no interior do Brasil, onde pequenos produtores passaram a colher mais, gastando menos e com menos impacto.
Segundo a Editorialge (abril/2025), a adoção dessas tecnologias pode gerar aumento de produtividade entre 20% e 29%, redução de uso de insumos em média de 23% e economia de água de até 30% em diferentes partes do Brasil.
3. Fazendas verticais iluminadas por LED
Imagine cultivar hortaliças em pleno centro urbano, sem agrotóxicos e com economia de água. As fazendas verticais, que usam iluminação LED e sistemas de hidroponia ou aeroponia, estão tornando isso possível. Elas ocupam pouco espaço, funcionam dentro de prédios e produzem alimentos o ano inteiro com controle total de luz, clima e irrigação. Um exemplo é a fazenda da Emirates, em Dubai, que é a maior fazenda vertical hidropônica do mundo. Tem cerca de 30.700 m², produz mais de 1 milhão de kg de verduras por ano, usando 95 % menos água qdo ue na agricultura convencional. A fazenda abastece supermercados e voos da Emirates com verduras frescas cultivadas a poucos quilômetros do aeroporto.
4. Lixo eletrônico que vira inclusão digital
No Brasil, iniciativas como o projeto E-Lixo recolhem equipamentos eletrônicos descartados e os reutilizam para montar computadores em centros de ensino e bibliotecas públicas. Assim, o lixo vira material para a educação. A ONG Ecobraz, por exemplo. criou o Projeto Reciclando, que usa equipamentos eletrônicos doados para montar centros tecnológicos em favelas, escolas públicas, abrigos e outras instituições sociais. Em 2025, já foram mais de 150 centros instalados em todo o Brasil. Outro exemplo é o programa Computadores para Inclusão, do Ministério das Comunicações, em que o material ocioso de órgãos públicos é distribuído para escolas, comunidades indígenas, quilombolas, telecentros e bibliotecas. Foram recuperadas mais de 9.000 toneladas de lixo eletrônico em dez anos até junho de 2025.
O presente e o futuro da tecnologia verde
O mais interessante da tecnologia verde é que o impacto não se limita ao meio ambiente. Ela também movimenta economias, gera empregos e influencia hábitos de consumo. Segundo o Fórum Econômico Mundial, setores ligados a energias limpas e sustentabilidade devem gerar mais de 10 milhões de novos empregos até 2030.
Além dessa vantagem, não é difícil aderir à tecnologia verde. Não se trata de robôs plantando árvores, mas pequenas ações que podem ser seguidas por todos. Trocar lâmpadas por LED, apoiar marcas responsáveis, buscar destinos de viagem sustentáveis, ou mesmo repensar a relação com o consumo são algumas das muitas ações possíveis para que a tecnologia verde possa caminhar junto com a preservação.
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Por Natália Manczyk, do Porta de Embarque
