Quando viajo, sinto que chego ao destino final antes da minha alma. É como se eu fosse de avião e ela fosse a pé. Levam semanas até que eu me sinta a vontade de novo. Normalmente, quando isso acontece, já está na hora de ir embora e na volta, pelo menos, ela me acompanha.
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Acontece que agora eu viajei para bem longe. Só de avião, foram 16 horas de vôo. Já se passaram vários dias e minha alma ainda não chegou. Fez conexão em algum lugar errado, extraviou no aeroporto. Ficou pelo caminho. O problema é que, agora, a volta não está tão perto. Vai levar pelo menos um ano para retornar ao ponto de partida.
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Quanto custa uma alma em Coroas Dinamarquesas?
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Pode ser isso ou só uma subestimada falta de casa. Um pequeno choque de cultura. Estranhar o clima, as pessoas. Tropeçar em arbustos e crustáceos não é normal para quem estava acostumado com cachorros e gatos pelas ruas. O que conforta é que somos capazes de nos adaptar a qualquer situação, para o bem e para o mal. Aos poucos, uma casa vira um lar, colegas viram amigos, amigos e família viram saudade, que só dá para explicar mesmo em português. E logo haverão sapatos embaixo da cama, um pouco de pó sobre os móveis e o que era chamado de nova experiência vira apenas ‘vida’.
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Enquanto a alma não chega, é minha chance de mudar alguns hábitos, sem sussurros. Sem dicas. Sem preferências batidas, ideias repetidas, opiniões datadas, hobbies viciados. Se o corpo é a casa da alma, é hora de começar a faxina para recebê-la bem quando ela chegar.
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