
América do Sul – Integração cultural pela gastronomia
A realização do Festival América do Sul 2025 foi marcado por uma verdadeira explosão de sabores, aromas e encontros culturais em Corumbá (MS). Mais do que um
Por Chris Kohl
Cada jornada que empreendemos é uma alquimia delicada — feita de pessoas, geografia, cultura, clima, companheiros de estrada — tudo se entrelaçando no tecido de uma nova experiência. Quando jovem, ouvia com olhos brilhando as histórias do meu avô dinamarquês, um homem do mundo que contava suas aventuras com humor e um olhar curioso sobre a vida. Suas histórias desenhavam mapas na minha mente, repletos de conexões, descobertas inesperadas e amizades improváveis.
Inspirado por ele, me formei com um único desejo ardente: viver e trabalhar fora, para reunir minhas próprias histórias.
Foram 15 anos de estrada — mais de 50 países, 7 deles que chamei de casa. Mas quando nossos dois filhos nasceram, a bússola virou para dentro. Tornei-me professor — não por recuo, mas por expansão: para ter tempo com eles e espaço para que minha esposa, Gisele, também viajante experiente, pudesse expandir seu trabalho. Por mais de uma década, ela colaborou com o governo das Seychelles em estratégias de turismo. Cada retorno dela trazia uma nota de saudade: o desejo de que um dia eu também pudesse conhecer a energia rara e vibrante daquele arquipélago no Índico.
Quando Gisele desenhou o plano da viagem — nós dois, nossa filha Giovanna (10 anos) e Thomas (12) — eu soube, instintivamente, que não seria apenas uma viagem. Seria um investimento em memória, em presença, em nós.
Seychelles parece distante — e de certo modo é. Saímos de casa, em Maryland, numa segunda-feira tranquila. Dirigimos por 90 minutos até o Aeroporto Dulles, na Virgínia, com quatro malas pequenas e nossas mochilas. Destinos tropicais favorecem a leveza — sem casacos, poucos sapatos, apenas expectativa.
Nosso trajeto cruzaria três continentes: um voo de 10 horas com a Turkish Airlines até Istambul, uma escala generosa de 9 horas, e depois mais 9 horas até Mahé, a maior das 115 ilhas de Seychelles. A sorte de Gisele — ou o karma de quem viaja com alma — brilhou: fomos agraciados com um upgrade para a classe executiva. A Turkish Airlines entregou conforto, serviço atencioso e espaço suficiente até para meu 1,85 m.
O lounge em Istambul era uma experiência por si só: azeitonas de todas as cores, café turco borbulhante, pães simit, e ayran servido direto de um barril de madeira. Consideramos fazer o tour gratuito pela cidade, mas os 2°C e nossas roupas de praia nos convenceram do contrário. O segundo voo passou como um sonho suave — e finalmente, Seychelles surgiu abaixo de nós, como esmeraldas lançadas sobre um oceano safira.
O Aeroporto Internacional de Mahé é pequeno, mas eficiente — metáfora perfeita da ilha. Fomos recebidos pela Creole Travel Services e pelo Bryan, nosso motorista, cuja simpatia e conhecimento traduziram o espírito acolhedor do lugar. Nos conduziu até Victoria, uma das menores capitais do mundo, aninhada entre colinas verdes e mar.
O caminho até North Island foi uma aventura: van, balsa, barco de mergulho, e por fim, um bote inflável. Após 40 minutos até Silhouette Island, seguimos sobre águas cintilantes até o barco da ilha. Já exaustos e eufóricos, descalços, entramos no bote, ajustando o ritmo às ondas, e desembarcamos — ensopados e em festa — na areia quente.
North Island, com apenas 2 km², foi devastada por plantações e espécies invasoras no passado. Hoje, é modelo de restauração ecológica. Não há píer ali — por escolha. A chegada é pelo mar e pelo espírito. Fomos recebidos por Nicolas e pela equipe da ilha, e também pela nossa primeira tartaruga-gigante de Aldabra — relíquia viva endêmica de Seychelles, com expectativa de vida superior a 150 anos.
Um buggy nos levou até a nossa vila, onde Kiki, nosso mordomo e guia para os ritmos sutis da ilha, nos deu as boas-vindas. A vila era ao mesmo tempo rústica e sofisticada: chuveiros ao ar livre, madeira nativa, um gazebo com vista para o mar, banheira externa e uma cozinha onde Kiki e Dougles preparariam nossos cafés da manhã.
O jantar naquela noite foi na Sunset Beach: mesa na areia, som das ondas, mojitos de maracujá (versão sem álcool para as crianças), e pratos como pargo-vermelho, filé wagyu e receitas crioulas. A culinária da ilha une luxo e localidade. Depois, percorremos a ilha no buggy, vendo tartarugas sob a luz da lua antes de mergulhar na nossa piscina sob as estrelas, enquanto morcegos voavam por cima de nós.
Pela manhã, fizemos yoga no alto de uma colina com vista para o Índico, enquanto as crianças alimentavam as tartarugas abaixo. A chuva veio em seguida, morna e ritmada, acentuando o verde ao nosso redor. No Centro Ambiental, Matilde nos contou sobre a restauração da ilha: remoção de ratos, retorno de aves nativas e recuperação de áreas de desova.
À noite, a natureza nos presenteou — duas ninhadas de tartarugas nasceram. Tínhamos ajudado, mesmo sem saber: nossa presença espantou os caranguejos. Assistir aos filhotes se arrastando até o mar foi transcendente. Talvez, quem sabe, alguns deles voltem um dia.
De Mahé, seguimos de balsa até Praslin, a segunda maior ilha, com 38,5 km². Bryan nos acompanhou novamente. Praslin tinha outro ritmo — mais suave, mais íntimo.
Ficamos no Raffles, com vista para a Ilha Curieuse e seus manguezais e palmeiras de coco de mer. As vilas do resort descem a encosta, cada uma com sua piscina, fundindo-se ao som da natureza.
Visitamos o Parque das Tartarugas (onde um macho bastante animado já anunciava sua presença de longe), plantamos coqueiros com nossas plaquinhas e refletimos sobre o legado. No Vallée de Mai, Patrimônio da Humanidade, Derek nos guiou entre palmeiras, lagartos endêmicos e o mítico papagaio-preto. O lugar parecia sagrado — talvez o verdadeiro Jardim do Éden.
Antes de partir, passamos por Anse Lazio, eleita uma das praias mais bonitas do mundo. Foi difícil acreditar que era real. De volta ao hotel, terminamos o dia com massagens, snorkel em família e um jantar libanês com peixe grelhado e especiarias. Na manhã seguinte, tomamos café flutuante na piscina da vila. Um contratempo com uma carteira perdida virou piada interna.
Voamos para Alphonse Island num avião de 15 lugares. Era o menor avião em que já estive — e o mais memorável. A ilha é um grão de terra em meio ao mar, com 4,5 km² e 400 km de Mahé.
Na chegada, fomos recebidos pela equipe da Blue Safari. Alphonse tem fazenda orgânica, energia limpa e um espírito de comunidade raro. Comemos ceviche de wahoo, smoothies de maracujá e peixes preparados com leveza e frescor. Thomas e Gigi ficaram em seu próprio bangalô — independência e responsabilidade em um só gesto.
Nos movimentamos de bicicleta. Vimos golfinhos, arraias, tartarugas, aprendemos sobre conservação, visitamos o Eco Center, fizemos snorkel em recifes impressionantes. No almoço nas flats, comemos com os pés na água e o horizonte no olhar.
Vivemos dias simples e intensos: caiaque, pedaladas, conversas com cientistas, piqueniques, observação de estrelas, histórias trocadas com famílias que, como nós, estavam ali em busca de algo mais.
Na volta, Bryan nos levou a um eco-parque onde cultura e natureza coexistem. Um dia depois, embarcamos para casa com bagagens mais leves, mas corações cheios de algo que não se compra: presença.
Naquela noite em Alphonse, deitados na pista de pouso, olhamos para o céu. Mais estrelas do que jamais vimos. E então entendi: essa viagem não nos levou para longe. Ela nos trouxe para perto.
“Viajar com os olhos do espírito abertos — e não com excesso de informação — é a única forma de absorver a essência de um lugar. Basta se tornar tão quieto quanto uma agulha. E então, você estará lá.” — Lawrence Durrell
Em Seychelles, nós estivemos. Completamente.
Um agradecimento especial à Turkish Airlines por tornar nossa viagem para Seychelles confortável e tranquila. Com conexões eficientes das Américas do Norte e do Sul, a Turkish oferece uma das formas mais práticas e agradáveis de alcançar esse paraíso remoto.
A escala no Aeroporto de Istambul foi, por si só, um destaque – moderno, espaçoso e cheio de comodidades perfeitas para conexões curtas e longas. Voar com a Turkish foi mais do que transporte – foi o início da nossa jornada, com hospitalidade, facilidade e cuidado desde o portão de embarque.
Também somos extremamente gratos à Creole Travel Services, a equipe local que garantiu que todos os traslados e arranjos em terra em Seychelles fossem tranquilos, seguros e agradáveis. Desde conexões de ferry e transporte terrestre até as recepções calorosas em cada parada, a Creole Travel trouxe eficiência, conhecimento local e a hospitalidade seychelloise em cada detalhe.
Juntos, Turkish Airlines e Creole Travel Services garantiram que nossa experiência fosse leve do início ao fim – e em cada momento entre um e outro.
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