Paquetá. Até então com esse nome eu só conhecia a música do Los Hermanos, aquela com a levada de salsa praiana caribenha. Aliás, justamente essa que coloquei para tocar no repeat para escrever esse texto, embora ela não tenha de fato NADA a ver com nada do que vi, vivi ou mesmo com a própria ilha.
Uma grande amiga que conheci no Chile, a potiguar que viveu comigo coisas lindas no nosso voluntariado em Mapumalém, há muito me chamava para visitá-la no Rio de Janeiro. Eu sabia que ela morava em uma ilha, mas sinceramente nunca cheguei a pesquisar ou sequer a imaginar que ilha seria essa. Inclusive, um dia antes de ir eu tinha certeza que a tal ilha se chamava Ilha Grande, ou coisa assim. Perdão Rafa, eu sou mesmo desligada (tão desligada que não tiramos nenhuma foto juntas!)
Cheguei no Rio às 5h, às 6h eu estava esperando a primeira embarcação rumo à ilha. Para chegar lá só pegando a barca que sai da Praça XV, a ilha está bem no meio da Baía de Guanabara. Ao chegar fui presenteada com o nascer do sol atrás dos morros como abraço de “seja bem-vinda”, o mais gostoso que a cidade maravilhosa podia me dar.
Entrei na barca e logo puxei papo com um pescador. Não sei quem falou mais, ele ou eu. Mesmo não sendo pescadora sou cheia das histórias, algumas aumento mas nenhuma invento, juro!
Antes de ir eu pedi pra Rafa me dar algum endereço, sou a dona de ficar sem bateria no meio do rolê e aprendi a sempre anotar em um papel por precaução, ao que ela me respondeu algo como… “Moro logo ali, do lado de não sei que, pede para o moço do BICICLETAXI te levar até não sei onde. Eles vão saber.” Meu primeiro pensamento foi: “A Rafa tá me tirando, né?” (ou como dizem no Rio, tá me gastando).
Assim que cheguei não consegui tirar do rosto o sorriso. Parecia que eu tinha aportado em uma mistura de Duque Estrada – distrito de uma cidade pequena do interior de Mato Grosso do Sul, misturado com Jericoacoara, misturado com alguma cidade que eu ainda nem conheci.
Para começar que não existe carro em Paquetá, logo não tem asfalto e logo as ruas estreitas são lotadas de árvores. Circulam apenas bicicletas e suas variações, ou seja, as tradicionais, as elétricas, as para duas pessoas ou para três, o que justifica os “bicicletáxis”. Eu não estava acreditando naquilo. Fui correndo pegar o tal bicicletáxi… E ela estava certa, foi só eu falar pro moço, “vou ali perto de não sei onde”, que ele já sabia exatamente para onde ir, lógico que sabia! Disse ainda: “Ah, na casa da Rafa? Claro!”.
Mal cheguei e fui intimada para ajudar na organização do Arraiá que aconteceria a noite. Peguei a missão de andar pela ilha inteira convidando todos caminhantes e viajantes. Não vou dizer que andei a ilha toda, mas uma boa metade percorri, quiçá mais que a metade (ótimo momento para as várias fotos, obrigada Robine por ser minha guia).
A noite eu já não cabia em mim de alegria, de satisfação, de honra de poder estar ali. Ainda tive o prazer de curtir um forró a beira mar e me divertir muito com os queridos e autênticos moradores de Paquetá. Foi tão especial, eu curti tanto, que esqueci de tirar fotos. Afinal, são nessas horas que esquecemos do celular que mais guardamos na memória.
Fiquei um dia só em Paquetá, portanto não vou poder falar com precisão sobre a história, a cultura, seus marcos e pontos turísticos. Deixo por aqui apenas meu relato e impressão da ilha que conquistou meu coração, que me fez andar sorrindo, com a paz e tranquilidade que certamente apenas os cantinhos muito especiais da Terra podem oferecer. Na verdade, retifico o começo do meu texto, a música de Los Hermanos tem sim um pouco a ver e parafraseio: “Minha ilha perdida é aí”, em breve voltarei.