Tão perto de nós, a pitoresca vila de Monte Verde localizada em vale abrigado dos ventos na Serra da Mantiqueira, a 1.600 metros de altitude, e a duas horas de São Paulo, transborda de energia positiva. Monte Verde é ao mesmo tempo natural e glamurosa, feita para o sossego ou agitação, mineira e estrangeira.
Escolhemos oito motivos que vão fazer você correr para lá.
1- Ar Puro
Em que outro lugar as temperaturas mais frias podem ser acompanhadas do aroma mentolado dos ciprestes, perfumado pelas flores do limoeiro e do eucalipto citriodora? E quem madrugar poderá ver um bônus inesperado em dose dupla: a fumacinha das chaminés indicando que a noite fria foi aquecida pelas lareiras, e a bruma espessa que custa a se desmanchar até mesmo com a quentura do sol. Noites frias mas as tardes podem ser quentes e agradáveis. Ar puro, frio revigorante, lareira, chalés, vinhos – não à toa Monte Verde é o destino escolhido para casais in love.
2- As Centenárias Araucárias
Curi ou Curiy, no idioma tupi, pipocam pela mata que envolve Monte Verde e arredores. Cada pinha produzida pela árvore pode pesar cerca de cinco quilos, e conter uns 700 pinhões ou até mais que são colhidos de abril até agosto. Altamente nutritivo e energético, o pinhão é ali dieta de inverno do porco-espinho, esquilo, cutia e da paca, e entre as aves, do tucano, da gralha-azul e de algumas espécies de papagaio que também ajudam a dispersar as sementes. Mas, não se assuste com o estrondo das pinhas lá no alto, elas literalmente explodem e caem no solo. O pinhão é ideal para ser consumido antes das caminhadas pois reduz a fadiga, e além disso é fonte de fibras, potássio, ferro e controla o colesterol.
3- Jeitão Europeu
As casas, lojas e hotéis são construídos em estilo montanhês. Uai, e “pra mode quê” em pleno solo caipira? Causa quê o primeiro a descobrir tanta formosura escondida, e começou a dar forma ao sonho de criar uma cidade em meio às montanhas e cachoeiras, veio da distante Letônia onde é comum a utilização da madeira nas construções.
Para emoldurar esse ar europeu são muitos os jardins e canteiros floridos. Já na gastronomia reinam os sabores doces das cucas, geleias de frutas e nos apfellstrudels, além da cerveja de qualidade. No artesanato o destaque é a pintura de flores ao estilo folclórico Bauernmalerei. Essa técnica que significa ‘pintura de camponês’ em alemão, se originou nos longos meses em que os campos ficavam cobertos de neve. Homens e mulheres tinham tempo de sobra para decorar os móveis, janelas, portas e até o teto, além de objetos em cores vivas, antecipando a primavera.
4- Gastronomia
Monte Verde também é mineira da boa, então tem queijo curado ou fresco, salames artesanais, rocambole, mel silvestre, geléia de jabuticaba, de amora ou de pimenta, suco de uva branca, além de doces de nata, de leite com ameixa, de abóbora com coco, queijadinhas, sequilhos, goiabadas, e pé-de-moça feito de leite, chocolate e amendoim. E, claro as renomadas cachaças e licores mineiros. Resista se puder.
Para garantir a reposição de energias tem a comida da roça com tutu de feijão, leitão à pururuca, cozido à mineira, quibebe, tudo feito nos fogões a lenha.
Nas noites frescas é ideal curtir algo mais leve e passar horas saboreando um fondue, tradicional iguaria suíça a base de carne ou queijo. Já para os tipos mais speed, tem rock do bom com turma que toca ao vivo no Café Bistrô que fica no coração da cidade.
5- Aventura
Em uma gélida manhã de Monte Verde, alguém deve ter notado que baixas temperaturas, esfriar e tiritar rimam com brincar, e inventou longas caminhadas, patinar no gelo, deslizar pelos cabos da tirolesa, vencer os obstáculos do arvorismo, andar de quadricículo e cavalgar. Folias que afugentam a preguiça, esquentam o corpo, e desfazem a distância que separam o adulto da infância. Desde então é um tal de ziquezaguear, subindo e descendo pelas trilhas da Mantiqueira. As mais tranquilas com duração de pouco mais de uma hora, são a Trilha da Pedra Redonda, a do Chapéu do Bispo e a do Platô. Já para chegar na Pedra Partida são necessárias quase três horas, entre ir e voltar. Mas o esforço é compensado: de seu cocuruto pode se avistar em dias claros até a Pedra do Baú. As Trilha do Selado, da Fazenda Santa Cruz e a do Pico da Onça, requerem bom preparo físico em percurso que pode demorar umas cinco horas.
Os guias aconselham a sempre levar um agasalho e uma lanterna, pois a névoa pode chegar inesperadamente, tão rápida quanto o corre-corre dos esquilos.
6- Chocolate
Quer coisa que combina mais com frio do que chocolate? Melhor ainda se for para saborear num lugar no meio das flores, onde dá para bater papo vendo a vida passar enquanto espera o especial brownie de chocolate com costa crocante e massa macia quase puxa-puxa, servido com sorvete de baunilha, e calda de framboesas silvestres. Qual o segredo do Chocolate Montanhês? Fácil, tudo é fresquinho, feito na hora e com muito capricho. Uma vez lá prove a rama negra ou branca, trufas, um chocolate quente servido com chantilly, e leve para ir comendo no caminho as laranjinhas, que combina o doce do chocolate ao leite com o amargo das lâminas de casca de laranja.
7- Hospedagem
Os hotéis e pousadas de Monte Verde representam com honras o espírito montanhês: o décor dos quartos com muita madeira, lareiras sempre trepidantes, chá quente e cobertores ou edredons macios, e vista para um cenário que faz bem pra alma.
De noite o silêncio, a silhueta das araucárias, pio de coruja. Ideal para ler um bom livro, tirar uma soneca, ficar de papo pro ar, ou como explicou Rosa aquele mineiro que sabia das coisas: “pra ficar só de range rede, sonhejando”. Tudo mais que perfeito ainda se nessa hora descer uma neblina branquinha e cair uma chuva fina. Precisa mais?
8- Compras
Quem não curte fazer compras nas viagens que atire a primeira sacola! Em Monte Verde as lojas se concentram na avenida central ladeada de jardineiras e vasos floridos. Deixe para comprar lá o modelito ideal de enfrentar o frio composto de malhas, cachecóis, meias e boinas feitas com lã grossa e macia. Também há moletons fofos, camisetas e botas forradas de pele.
As lojinhas de artesanato expõem peças em madeira ou porcelana como canecas e pratos com pintura de flores, esquilos e folhas de outono. Chocolates, doces, cervejas artesanais, embutidos, vinhos, azeites se encontram nos armazéns especializados. Dê uma chegadinha também na loja de lustres feitos ali com a fibra de bananeira que tem texturas especiais. Um pouquinho mais distante do centro vale conhecer os ateliês que ficam nas casas dos próprios artistas. Um deles é o de ceramica de alta temperatura e peças exclusivas. Há ainda locais que fabricam embutidos artesanais e com tempero próprio. Valem pela compra, pelo passeio e principalmente pelo contato com o chef, o artista ou artesão.
Onde ficamos, comemos, compramos…
Pousada ‘A Casinha Pequenina’: www.acasinhapequenina.com.br
Pousada Boa Montanha: www.boamontanha.com.br
Fazenda Hotel Itapuá: www.itapuamonteverde.com.br
Chácara Adélia: (35)-3438-2491
Cantina Portale di Napoli: contato@portaledinapoli.com.br
Restaurante e Boteco Villa Amarela: (35)-3438-2460
Comes & Bebes Drika: (35)-98804-0084
Café Bistrô: (35)-3438-1809
Arsenal da Cerveja: rsenaldacerveja@hotmail.com
Mistral Verde: www.mistralverde.com.br
Chocolate Montanhês: www.chocolatemontanhes.com
Luminárias Monte Verde: augustusalra@yahoo.com.br tel (11)-98580-6859
Mercearia Manfred’s: (35)-3438-1519
Cerâmica Atelier do Lelé: (35) 3438-1299
Kukos: pacheco21@oi.com.br
Guille Pet: guillepet.mv@gmail.com
Mais informações: contato.acmonteverde@gmail.com ou 35-99211-6694 com Andréa
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Viramundo e Mundovirado
Heitor Reali é jornalista e fotógrafo e já foi engenheiro, Silvia Reali é artista plástica, jornalista e fotógrafa. Vivemos em São Paulo, conhecemos 90 países, e somos apaixonados pelo Brasil. Acompanhe os autores também no Viramundo e Mundovirado (no Facebook e Instagram), no Blog do Estadão: Viagens Plásticas, na coluna no Catraca Livre, no Viver Agora e também o Atelier Reali.