A Nicarágua é um país da América Central rico em tradições e costumes próprios que revelam sua herança cultural, resultante da interação das culturas indígenas, africanas e europeias. Com festas religiosas que ultrapassam os costumes cristãos (maioria da população), as celebrações na Nicarágua entrelaçam cores, tradições e expressões artísticas que as enriquece e as torna únicas.
Durante todo o ano diversos dias santos são celebrados, e alguns de destaque são: a festa de San Sebastian, La Purissima e La Griteria.
Comemorando o dia do padroeiro da cidade de Diriamba, a festa de San Sebastián é umas das mais expressivas celebrações da Nicarágua que acontece todos os anos no dia 19 de janeiro. Suas origens têm diferentes versões, mas todas revelam a importância do padroeiro para a cidade. As procissões nas ruas com imagens do santo são marcadas por adereços coloridos, músicas e bailes pela cidade.
A festa marca também a interação das culturas indígenas pré-colombianas e as tradições católicas europeias introduzidas pelos espanhóis. Uma parte importante dessa celebração é a performance do Güegüense, um drama satírico reconhecido por ser a primeira obra teatral da literatura da Nicarágua. A peça conta com danças e músicas, além da parte teatral que apresenta a história de El Güegüense um indígena nativo que através de um esperto jogo de palavras desafia e desautoriza a figura do colonizador. Essa importante representação cultural foi reconhecida pela UNESCO, em 2005, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Em dezembro iniciam-se as grandes celebrações nicaraguenses por todo o país, que se estendem até o fim do ano com o Natal e Ano Novo. Altares com homenagens à Virgem Maria são construídos em diversas casas e assim se inicia a celebração de La Purissima, segundo a tradição, o dia da concepção da Virgem.
Para a celebração, as famílias reúnem parentes e amigos e agradecem nos alteres por bênçãos concedidas pela Virgem. Orações, cânticos católicos e músicas tradicionais são acompanhados por instrumentos típicos e marcam as celebrações. Depois, são distribuídos pequenos presentes como doces e frutas para os participantes. Fora das casas, as pessoas também celebram o dia nas ruas, com músicas e fogos de artifícios.
A novena de La Puríssima culmina em outra celebração, La Griteria, no dia 7 de dezembro. Mais festiva que sua antecessora, La Griteria, como o próprio nome sugere, é uma celebração animada.
Existem algumas histórias que explicam as origens da celebração, segundo a mais conhecida um senhor importante do século XIX, Giordano Carranza, perguntou após a Puríssima “Quién causa tanta alegria? ” (Quem causa tanta alegria), ao que o povo respondeu “ La Concepción de Maria! ” (A Concepção de Maria). Desde então, é assim que a celebração se inicia, com o bispo da cidade fazendo a pergunta e os devotos respondendo. As pessoas saem às ruas cantando e passando novamente pelos altares nas casas, onde recebem brinquedos, doces e instrumentos para aumentar ainda mais o volume das celebrações, que só acabam quando os moradores já não têm mais presentes ou as pessoas se cansam de cantar e celebrar pelas ruas!