O Projeto Mulheres do Jequitinhonha existe desde 2015 e trabalha para o empoderamento de mulheres quilombolas na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Este projeto tem como objetivo principal o fortalecimento socioeconômico e a valorização cultural das mulheres artesãs, preservando e promovendo saberes ancestrais da região.
O projeto trabalha com 3 comunidades:
- Bordadeiras do Curtume, Quilombo do Curtume, município de Jenipapo de Minas;
- Tecelãs de Tocoiós, Comunidade do Tocoiós, município de Francisco Badaró e
- Mulheres da Ponte, município de Diamantina.
Bordadeiras do Curtume
Em 2015 foi iniciado um projeto para fortalecer vínculos entre mulheres, utilizando o bordado como atividade central. O grupo começou com 4 mulheres bordadeiras que repassaram esse saber para as demais. Hoje são 25 bordadeiras e mais de 20 aprendizes.
O projeto culminou na coleção “Estandartes do Curtume”, desenvolvida com a artista Ana Vaz. A linda coleção criada foi fruto de uma experiência compartilhada entre as Bordadeiras do Curtume e o trabalho sensível e primoroso da artista Ana Vaz.
Você encontra os estandartes para venda na lojinha do site da ONG TINGUI.
Tecelãs de Tocoiós
Desde 1985, a associação Tecelãs de Tocoiós tem se dedicado à tecelagem artesanal, unindo técnicas tradicionais com práticas sustentáveis, como o tingimento natural com plantas nativas. A partir de 2015, com o apoio da organização TINGUI, as tecelãs integraram o Projeto Mulheres do Jequitinhonha e foram auxiliadas no fortalecimento da identidade do grupo, sempre em respeito às tradições e aos saberes da terra.
Com o aprimoramento das tecelãs que realizaram intercâmbios com outros grupos de mulheres e o apoio recebido para a construção de um galpão que aconteceu em mutirão, com ampla participação das mulheres e da comunidade. O espaço abriga cinco teares, área dedicada ao tingimento, à fiação e ao armazenamento das peças e do material, uma lojinha, banheiros e uma cozinha.
Hoje, as peças trazem tons terrosos obtidos pelo tingimento natural e sustentável, com uso de plantas nativas como o jenipapo, a aroeira, o tingui, a casca da cebola, a gema do ovo, a mangueira, o anil, o murici do cerrado, anjico, romã, pequi, urucum, amoreira, erva de passarinho etc. Veja o catálogo de peças das Tecelãs de Tocoiós.
Mulheres da Ponte
As 10 integrantes do grupo, todas da mesma família, trazem saberes distintos e complementares: oito são bordadeiras e duas são as mestras das terras. São elas que guardam e preservam o conhecimento ancestral ligado ao barro.
Entre 2015 e 2017, a TINGUI promoveu intercâmbios entre as Mulheres da Ponte e outros grupos da região, sempre visando a troca de experiências.
Em 2020 aconteceu a escolha do nome do grupo – Mulheres da Ponte – em referência à ponte sobre o rio Jequitinhonha, na entrada da roça da matriarca da família, Dona Tereza.
A primeira coleção das Mulheres da Ponte foi lançada em dezembro de 2022, veja o catálogo da coleção aqui.
O empoderamento das mulheres quilombolas através do artesanato tem um impacto profundo na comunidade. Para muitas delas, a tecelagem é uma fonte vital de renda e um meio de fortalecer laços comunitários. As sessões de tecelagem e bordado, além de serem momentos produtivos, funcionam como espaços terapêuticos, onde as mulheres compartilham histórias, cantam e se divertem, reforçando o sentido de pertencimento e apoio mútuo.
A preservação dos saberes ancestrais é outro aspecto crucial do projeto. Técnicas de tecelagem, tingimento e bordado, passadas de geração em geração, são resgatadas e aprimoradas. A inclusão de jovens mostra o compromisso intergeracional com a continuidade dessas tradições.
A produção artesanal de peças únicas, utilizando algodão orgânico e técnicas tradicionais, não só valoriza a cultura local, mas também promove a sustentabilidade ambiental. O tingimento natural com cascas, raízes, frutas e sementes é uma prática que reforça a conexão das tecelãs com a terra e a importância da preservação ambiental.
O Projeto Mulheres do Jequitinhonha mostra como é possível trazer desenvolvimento social e econômico, promovendo a autonomia das mulheres e a valorização da cultura quilombola. Através da tecelagem, essas mulheres não apenas preservam seus saberes ancestrais, mas também constroem um futuro mais sustentável e solidário para suas comunidades.
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