Quando se fala em cinema latino americano pensamos muitas vezes no eixo Argentina, Brasil e México que apresenta grande parte da produção audiovisual de destaque. Entretanto, a Venezuela é um país resguarda uma importante história cinematográfica e um presente rico em produções de peso premiadas internacionalmente.
O início da história do cinema no país se dá em 1897 com a exibição dos primeiros filmes do país. Em 1951, o filme La Balandra Isabel llegó esta tarde ganhou o prêmio de melhor fotografia em Cannes e em 1959, o documentário Araya, de Margot Benacerraf, ganhou o Prêmio da Crítica no Festival. Nos anos 60 o cinema do país se desenvolveu e passou a ter características mais próprias com temáticas sociais e políticas que refletiam a situação do país durante o período e que seriam referências para as futuras gerações. O cinema do país se desenvolveu e explorou diversas linguagens e temáticas ao longo dos anos e vale a pena conhecê-lo melhor.
Nos últimos anos, o cinema da Venezuela se destacou com produções que obtiveram reconhecimento nos principais festivais internacionais. Veja a seguir três opções imperdíveis para conhecer um pouco mais o país e sua cultura cinematográfica:
Pelo Malo (2013)
Pelo Malo é um drama social de grande delicadeza. A história gira em torno de Júnior e sua mãe Marta, moradores de uma comunidade pobre na Venezuela. Júnior um menino de cabelos crespos, quer alisar os cabelos para a foto da escola e dessa premissa uma série de questões raciais, sociais e de gênero são discutidas e trabalhadas de forma sensível sem serem romantizadas ou completamente explicitadas. O filme de Mariana Rondón foi indicado e ganhador de diversos prêmios internacionais do cinema em 2013 e 2014 como o Festival de Cinema de Montreal e o San Sebastian International Film Festival.
La Distancia mas Larga (2013)
Ganhador do prêmio Glauber Rocha de melhor filme latino-americano no Festival de Montreal, La distacia mas Larga conta a história de duas viagens literais e metafóricas de um neto e sua avó. Com direção e roteiro de Claudia Pinto, o filme mostra duas pessoas em busca de um destino que pertença a elas próprias, o neto, Lucas, que está fugindo da casa do pais e a avó, Martina, que após receber a notícia que irá morrer decide escolher o lugar da sua partida. O filme bastante íntimo também traz um contexto e algumas visões do país, da natureza e da beleza que servem de cenário para duas histórias que buscam um mesmo fim.
La Soledade (2016)
Em uma mistura de realidade e ficção e uma costura entre uma narrativa e um documentário, La Soledade habita. O primeiro longa-metragem de Thielen Armand conta a história de José, um pai que junto a sua família ocupam Soledad, uma mansão em ruínas que em breve será destruída e eles despejados. Os atores são, na verdade, amigos de infância do diretor, que moraram em Soledade, propriedade que pertencia aos bisavôs de Armand. Nessa mistura entre realidade e ficção, a ruína de Soledad se espelha a ruína dos bairros mais pobres de Caracas, e os elementos fantásticos se mesclam à estética do longa, que traça críticas sociais ao mesmo tempo encanta com um olhar delicado sob intimidade da família. O filme foi exibido no Festival de Veneza e ganhador do prêmio do público no Festival de Cinema de Miami.
*Texto produzido por: Melissa Machado