Sobre Véus que me Descobrem

22 de maio de 2019
Luana Fonseca

Estar imersa num universo de mulheres cobertas me trouxe novas reflexões. Durante nossa estada em Kuala Lumpur, capital da Malásia, enquanto aguardávamos a liberação do nosso visto da Tailândia (meu marido e eu estamos de mudança de São Paulo para Koh Samui – uma ilha no sul da Tailândia), vimos muitas e muitas mulheres, com seus véus islâmicos, dos mais variados tipos, pra lá e pra cá. O que não poderia ser diferente, já que a maioria da população do país é muçulmana.

Essa cena, que pode ser desconcertante para os padrões ocidentais, se tornou comum para nós, enquanto viajávamos por alguns países asiáticos durante o mochilão que fizemos no ano passado. Porém, dessa vez, nasceu em mim algo novo. Uma inquietação que não havia despertado até então.

Nesse momento, não me senti movida pelo feminismo e nem mesmo por questões religiosas, mas apenas me peguei refletindo (profundamente!) sobre quantas vezes em nossas vidas, seguimos regras e padrões estabelecidos, sem questionar, e simplesmente vamos vivendo certas determinações como verdade indiscutível e sem uma rede de conversação que torne possível a construção de uma nova cultura.

Sabendo que muitas vezes nem percebemos que não percebemos, me senti chamada a compartilhar esse tema para que possamos conversar a respeito, e assim, ampliar nossa consciência sobre nós mesmos e nossas escolhas.

Por muitos anos levei a vida sem me fazer muitas perguntas, e simplesmente ia seguindo e fazendo o que a vida me apresentava e que, aparentemente, era o que eu deveria fazer, porque era isso que “todo mundo fazia”. Agora, escolho que não quero mais me colocar nesse lugar! Quero refletir mais, questionar mais e fazer escolhas que sirvam melhor a minha vida e àquilo que eu desejo para mim e para o mundo. 

E assim, crendo que não há separações entre nós, que eu e o outro somos a mesma coisa, deixo aqui uma reflexão para que possamos pensar juntos: “O que é aquilo que você anda vivendo sem se perguntar se serve a sua vida, se limita a sua felicidade ou a sua forma de ser e estar no mundo?” Desejo que cada vez mais possamos ir tirando os véus que nos impedem de enxergar a nós mesmos com mais clareza.

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