Estar imersa num universo de mulheres cobertas me trouxe novas reflexões. Durante nossa estada em Kuala Lumpur, capital da Malásia, enquanto aguardávamos a liberação do nosso visto da Tailândia (meu marido e eu estamos de mudança de São Paulo para Koh Samui – uma ilha no sul da Tailândia), vimos muitas e muitas mulheres, com seus véus islâmicos, dos mais variados tipos, pra lá e pra cá. O que não poderia ser diferente, já que a maioria da população do país é muçulmana.
Essa cena, que pode ser desconcertante para os padrões ocidentais, se tornou comum para nós, enquanto viajávamos por alguns países asiáticos durante o mochilão que fizemos no ano passado. Porém, dessa vez, nasceu em mim algo novo. Uma inquietação que não havia despertado até então.
Nesse momento, não me senti movida pelo feminismo e nem mesmo por questões religiosas, mas apenas me peguei refletindo (profundamente!) sobre quantas vezes em nossas vidas, seguimos regras e padrões estabelecidos, sem questionar, e simplesmente vamos vivendo certas determinações como verdade indiscutível e sem uma rede de conversação que torne possível a construção de uma nova cultura.
Sabendo que muitas vezes nem percebemos que não percebemos, me senti chamada a compartilhar esse tema para que possamos conversar a respeito, e assim, ampliar nossa consciência sobre nós mesmos e nossas escolhas.
Por muitos anos levei a vida sem me fazer muitas perguntas, e simplesmente ia seguindo e fazendo o que a vida me apresentava e que, aparentemente, era o que eu deveria fazer, porque era isso que “todo mundo fazia”. Agora, escolho que não quero mais me colocar nesse lugar! Quero refletir mais, questionar mais e fazer escolhas que sirvam melhor a minha vida e àquilo que eu desejo para mim e para o mundo.
E assim, crendo que não há separações entre nós, que eu e o outro somos a mesma coisa, deixo aqui uma reflexão para que possamos pensar juntos: “O que é aquilo que você anda vivendo sem se perguntar se serve a sua vida, se limita a sua felicidade ou a sua forma de ser e estar no mundo?” Desejo que cada vez mais possamos ir tirando os véus que nos impedem de enxergar a nós mesmos com mais clareza.