Por que fazer uma trilha pelos parques de Uganda?

11 de janeiro de 2023
Gisele Abrahao

Foi durante uma trilha em um dos parques de Uganda, que pude entender muito mais sobre como o respeito deve ser estabelecido e praticado desde o primeiro momento de qualquer encontro. Quero contar para vocês com detalhes minha experiência transformadora na sua forma mais pura de vida, na vida selvagem africana.

Fazer esse tipo de passeio é descobrir e entender comportamentos genuínos da natureza. Observar diferentes grupos de animais interagindo e vivendo sem intervenção humana me revelou muito mais do que eu esperava. Tive a oportunidade de fazer um desses tours enquanto estava em parque de Uganda.

Conhecido como “Impenetrável de Bwindi”, o Parque Nacional de Bwindi leva esse nome devido sua densa mata, o parque recebe a maioria dos aventureiros que procuram atividades ao ar livre no país. Com mais de 3.300 quilômetros de floresta tropical, Bwind é declarado como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, abrigando uma enorme fauna e flora endêmica.

Uma das principais atividades dentro dos parques é o trekking dos gorilas da montanha. Considerados símbolos nacionais, os animais atraem visitantes durante todo o ano buscando aventurar-se pelos bosques para ter um contato mais próximo. Há toda uma mística de observar os gorilas, pela aproximação comportamental com nós, seres humanos.

O Parque de Bwindi faz fronteira com territórios de outros dois países, Congo e Ruanda, que também abrigam as famílias de gorilas da montanha. Antigamente a presença dos primatas era vista como perigosa por moradores próximos aos parques. Mas felizmente, os governos desses países vêm investindo, cada vez mais, em políticas de proteção animal e ambiental e também na parte de infraestrutura, cultura e turismo.

Junto com um guia local que conta curiosidades da região, o passeio é feito por trilhas com lindos cenários. Uma dessas histórias contadas é sobre a naturalista norte-americana Dian Fossey, que em 1967, criou um centro de pesquisa dentro do Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda, para estudar o comportamento dos gorilas. Dian ficou famosa e ganhou atenção mundial com seus estudos, sendo considerada salvadora da espécie até então próxima de extinção, pois sofria com a caça ilegal.

Depois de horas caminhando por entre as trilhas, absorvendo um pouquinho de cada fala do guia, fui entendendo a história daquele povo, daquele lugar e, claro, daqueles animais. Entendi também que aquele passeio era na verdade uma grande aula, não só um tour.

O tão esperado encontro que tive com o primeiro gorila da montanha aconteceu de repente, estávamos andando e olhando por entre as árvores até que nos deparamos com um. Ele estava muito perto e incrivelmente tranquilo! No primeiro piscar, já tive a certeza que eu e o gorila conversamos muito mais do que apenas nos olhamos. A grandeza e tudo que ele representa para seu meio ambiente foi compreendido naquela troca. Senti sua presença, entendi seu espaço, compreendi expressões e ressignifiquei a palavra respeito para minha vida.

Passamos perto de mais gorilas sozinhos e outros acompanhados da família. Foi na troca de olhares com cada um que ficava claro nosso papel e respeito que haveria de existir entre nós. Eu entendia eles estarem ali e eles pareciam entender eu também estar no local. Tomo esta experiência como base e inspiração em todos os momentos da minha vida.

Agora, só imaginem se todos nós, a todo momento, colocássemos em prática que respeito pode e deve ser estabelecido e reconhecido assim, na primeira troca de olhar, no primeiro contato… quão mais positivo e enriquecedores seriam nossos relacionamentos?

Agora um conselho: viaje sempre que puder… da maneira que for!

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