Desvendar os patrimônios arqueológicos do Mato Grosso do Sul, é contar uma fascinante jornada humana que após muitos e muitos anos vai se conectar com a identidade cultural e ocupação territorial de seu estado.
Com cerca de 737 sítios arqueológicos registrados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) até 2023, esses vestígios datam períodos pré-históricos e também marcas das primeiras incursões humanas pela região. Dos 79 municípios sul-mato-grossenses, em 16 deles há registros de arte rupestre, que incluem pinturas e gravuras.
Os vestígios mais antigos descobertos até agora remontam a até 12,4 mil anos atrás, em Chapadão do Sul, no sítio arqueológico Alto Sucuriú 12. E os vestígios se estendem por várias regiões sul-mato-grossenses datando de diferentes períodos, como Alcinópolis (10,2 mil anos), Aquidauana (10,1 mil anos) e Ladário (cerca de 8 mil anos).
Reconhecido nacionalmente como local privilegiado para os entusiastas da arqueologia por sua localização no continente e rota de diversas populações na América do Sul antigamente, é no Mato Grosso do Sul também, as evidências com rochas marcadas pelos primeiros núcleos habitacionais do Centro-Oeste brasileiro, encontrados no sítio histórico da Redução Jesuítica de Santiago Xerez, próximo à região de Aquidauana, que indicam a presença de grupos ceramistas e horticultores no território.
As rochas marcadas sinalizavam alguns caminhos, sendo eles principalmente para encontrar áreas com alimentos e também serviam para facilitar (e ilustrar anos depois) o cotidiano e crenças desse povo.
Grande parte dos patrimônios arqueológicos do Mato Grosso do Sul estão presentes no corredor ecológico Pantanal-Cerrado, sendo conhecido como Rota Turística do estado, contando com cerca de 80 sítios arqueológicos com pinturas rupestres em seus entornos. Integrando algumas cidades como Alcinópolis, Chapadão do Sul, Bandeirantes, Camapuã, Costa Rica, Coxim, Figueirão, Pedro Gomes, Rio Verde, São Gabriel do Oeste e Sonora, surgem como um convite à exploração não apenas da natureza intocada do MS, mas também das raízes culturais e históricas da região.
Alcinópolis foi apelidada de Capital da Arte Rupestre, onde aproximadamente 30 sítios arqueológicos estão localizados na região. A cidade encanta com o visual panorâmico proporcionado do alto de suas serras, fascina com a observação da vida silvestre e das paisagens naturais com suas trilhas.
O Templo dos Pilares é uma das unidades de conservação do município e oferece um verdadeiro mergulho no passado milenar de Mato Grosso do Sul. Tombado como patrimônio cultural brasileiro em 2003. Suas gravuras e pinturas em paredes, teto e pilares remontam há mais de 10 mil anos.
O Sítio Arqueológico Pata da Onça exibe pinturas e gravuras rupestres bem preservadas, enquanto a Gruta do Pitoco apresenta formações em arenito, incluindo gravuras e pinturas rupestres. O Arco da Pedra, por sua vez, é um sítio arqueológico com uma formação rochosa em formato de arco, oferecendo aos visitantes vistas deslumbrantes e oportunidades para fotos incríveis.
Na região norte, a cidade de Rio Verde também conta com um sítio arqueológico. Na Fazenda Igrejinha, os visitantes podem desfrutar de atrações como mirantes, rapel, cavalgada e contemplar o sítio com artes rupestres de até 6 mil anos. Outra opção é na cidade de Rio Negro, que oferece três balneários, duas cachoeiras de grande porte e vários sítios arqueológicos com arte rupestre.
Na região da Serra do Amolar – entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e a fronteira com a Bolívia -, também foram encontradas inscrições rupestres em rios e lagos. Além disso, existem os sítios ceramistas Tupi-Guarani, os sítios testemunhos das Expedições Monçoeiras do século XVIII, e sítios de pinturas e gravuras rupestres do Lajedo, localizados no município de Corumbá.
Nioaque e o Vale dos Dinossauros
Apesar de não ser um patrimônio arqueológico e sim paleontológico, Nioaque, a 179 km da capital Campo Grande, tem o Vale dos Dinossauros. É possível encontrar pegadas deixadas no período Cretáceo em formações rochosas nas margens do rio Nioaque pelos animais pré-históricos.
Na entrada da cidade, inclusive, quem dá as boas-vindas aos visitantes é uma escultura da espécie abelissauro, que teria vivido na região há mais de 140 milhões de anos. Para quem se interessa pelo universo da paleontologia, acaba de descobrir seu próximo destino a explorar, pois vem sendo desenvolvido o “turismo científico” na região, onde a intenção é descobrir mais sobre o passado geológico da região que acabou transformando e dando uma identidade/símbolo ao município.
Rota Rupestre e Museu de Arqueologia – Patrimônios Arqueológicos do Mato Grosso do Sul
A Rota Rupestre é um programa institucional da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) que visa ao fortalecimento cultural, turístico e econômico entre os municípios sul-mato-grossenses do corredor ecológico Cerrado-Pantanal. Nas cidades que têm sítios arqueológicos com arte rupestre, algumas ações têm sido desenvolvidas para fomentar a economia local de maneira sustentável, com a capacitação da comunidade para a circulação de renda através da Bioeconomia.
O MuArq – Museu de Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) é uma instituição dedicada à preservação, pesquisa e divulgação do patrimônio arqueológico da região de Mato Grosso do Sul. Localizado em Campo Grande, o MuArq desempenha um papel fundamental na proteção e promoção da história e cultura das populações que habitaram a região ao longo dos séculos.
Como um guardião do patrimônio arqueológico do Mato Grosso do Sul, o MuArq conta com um acervo exposto que comprova os diferentes grupos humanos que povoaram a área no passado, desde os caçadores-coletores de cerca de 12.400 anos atrás, passando pelos que produziram a artes rupestres, até aqueles que habitaram as margens fluviais, há aproximadamente 3.000 anos atrás e um segundo contexto cultural dos indígenas agricultores ceramistas, datado em cerca de 1.500 anos atrás.
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Esse conteúdo é uma parceria com a Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul