Foi durante uma trilha em um dos parques de Uganda, que pude entender muito mais sobre como o respeito deve ser estabelecido e praticado desde o primeiro momento de qualquer encontro. Quero contar para vocês com detalhes minha experiência transformadora na sua forma mais pura de vida, na vida selvagem africana.
Fazer esse tipo de passeio é descobrir e entender comportamentos genuínos da natureza. Observar diferentes grupos de animais interagindo e vivendo sem intervenção humana me revelou muito mais do que eu esperava. Tive a oportunidade de fazer um desses tours enquanto estava em parque de Uganda.
Conhecido como “Impenetrável de Bwindi”, o Parque Nacional de Bwindi leva esse nome devido sua densa mata, o parque recebe a maioria dos aventureiros que procuram atividades ao ar livre no país. Com mais de 3.300 quilômetros de floresta tropical, Bwind é declarado como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, abrigando uma enorme fauna e flora endêmica.
Uma das principais atividades dentro dos parques é o trekking dos gorilas da montanha. Considerados símbolos nacionais, os animais atraem visitantes durante todo o ano buscando aventurar-se pelos bosques para ter um contato mais próximo. Há toda uma mística de observar os gorilas, pela aproximação comportamental com nós, seres humanos.
O Parque de Bwindi faz fronteira com territórios de outros dois países, Congo e Ruanda, que também abrigam as famílias de gorilas da montanha. Antigamente a presença dos primatas era vista como perigosa por moradores próximos aos parques. Mas felizmente, os governos desses países vêm investindo, cada vez mais, em políticas de proteção animal e ambiental e também na parte de infraestrutura, cultura e turismo.
Junto com um guia local que conta curiosidades da região, o passeio é feito por trilhas com lindos cenários. Uma dessas histórias contadas é sobre a naturalista norte-americana Dian Fossey, que em 1967, criou um centro de pesquisa dentro do Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda, para estudar o comportamento dos gorilas. Dian ficou famosa e ganhou atenção mundial com seus estudos, sendo considerada salvadora da espécie até então próxima de extinção, pois sofria com a caça ilegal.
Depois de horas caminhando por entre as trilhas, absorvendo um pouquinho de cada fala do guia, fui entendendo a história daquele povo, daquele lugar e, claro, daqueles animais. Entendi também que aquele passeio era na verdade uma grande aula, não só um tour.
O tão esperado encontro que tive com o primeiro gorila da montanha aconteceu de repente, estávamos andando e olhando por entre as árvores até que nos deparamos com um. Ele estava muito perto e incrivelmente tranquilo! No primeiro piscar, já tive a certeza que eu e o gorila conversamos muito mais do que apenas nos olhamos. A grandeza e tudo que ele representa para seu meio ambiente foi compreendido naquela troca. Senti sua presença, entendi seu espaço, compreendi expressões e ressignifiquei a palavra respeito para minha vida.
Passamos perto de mais gorilas sozinhos e outros acompanhados da família. Foi na troca de olhares com cada um que ficava claro nosso papel e respeito que haveria de existir entre nós. Eu entendia eles estarem ali e eles pareciam entender eu também estar no local. Tomo esta experiência como base e inspiração em todos os momentos da minha vida.
Agora, só imaginem se todos nós, a todo momento, colocássemos em prática que respeito pode e deve ser estabelecido e reconhecido assim, na primeira troca de olhar, no primeiro contato… quão mais positivo e enriquecedores seriam nossos relacionamentos?
Agora um conselho: viaje sempre que puder… da maneira que for!