Design com Propósito

Victor Verardo

Nesta edição, conversamos com Victor Verardo, designer e especialista em branding com mais de 15 anos de experiência. Desde 2013 vivendo na Chapada Diamantina, na Bahia, Victor uniu sua paixão pela natureza à sua trajetória profissional, e hoje dedica-se a impulsionar empresas que desejam gerar impacto positivo no mundo. 

Liderança para transformar culturas e consciências

Paulistano de origem e hoje morador da Chapada Diamantina, Victor é designer e fundador do Estúdio Caetê, um estúdio de design e consultoria de marca inspirado pela natureza e comprometido com a transformação positiva de empresas. Ao longo de sua carreira, ele tem se dedicado a apoiar negócios que valorizam a sustentabilidade e a conexão com o território e as pessoas. 

Victor deseja ser lembrado como alguém que ajudou a transformar a maneira como marcas se posicionam no mundo, aliando estratégia, design e propósito para gerar valor real – não apenas para consumidores, mas para a sociedade e o meio ambiente. 

“Mais importante do que o produto em si, as pessoas estão atentas a quem está por trás das marcas.” – Victor Verardo 

Como você vê o papel da liderança e do propósito no enfrentamento dos desafios globais atuais, como a sustentabilidade e a inclusão social?

Estar em um papel de liderança é uma grande responsabilidade, mas também oportunidade de orientar e conduzir processos que evoluem a sociedade. É a possibilidade de criar e acolher novas maneiras de se enxergar o que está posto, mas sobretudo guiar melhores práticas que contribuam positivamente com nossa relação social e com o ambiente que ocupamos. 

Quais ações ou iniciativas você vê acontecendo hoje no mundo que podem inspirar indivíduos e organizações a adotarem práticas mais responsáveis e sustentáveis?

As pessoas estão percebendo cada vez mais a importância das práticas sustentáveis e sociais, principalmente porque existem questões que começam a impactar de forma crescente e negativamente no dia-a-dia das pessoas. Institutos como o Sistema B, Greenpeace, SOS Mata Atlântica, Conservação Internacional e ODSs da ONU são alguns exemplos positivos hoje, que abordam e agem em partes dos problemas sociais e ambientais da sociedade atual.

Quais lições ou histórias de transformação pessoal ou profissional você gostaria de compartilhar que poderiam inspirar outros a liderarem com propósito?


Em 2021 fundei a MURI, uma marca de moda que nasceu com o propósito de restaurar ecossistemas, valorizar o trabalho no campo e a produção de alimento saudável, por meio do plantio de árvores em sistemas agroflorestais. Durante o tempo que estive como sócio da empresa pude perceber que o propósito de existir era o que de fato conectava com as pessoas, mas também transmitia e gerava valor para quem consumia. Outras empresas que se interessavam em criar parcerias também eram motivadas por conta da nossa forma de existir e atuar na sociedade. Ficou nítido para mim que mais importante do que o produto em si, as pessoas estão atentas e buscam escolher melhor de quem consumir e portanto apoiar.   

Também posso citar o Estúdio Caetê, estúdio de design e consultoria de marca fundado por mim e por minha sócia Rhana Peroquetti em 2013. Nascemos inspirados na natureza, e com o objetivo de potencializar empresas que desejam impactar positivamente no mundo. Temos a oportunidade de nos relacionar com diversos negócios que entendem a sua responsabilidade no mundo, e portanto buscam impactar positivamente na vida das pessoas. Percebemos que essas empresas nos buscam porque sabem que nós entendemos essa realidade, e desejam comunicar-se melhor.  

Em 2023 atendi uma empresa de paisagismo que já atuava há 7 anos no mercado com grande excelência, mas que via um vazio interno com base na forma que se relacionavam com os clientes e também como se mostravam para o mundo. Traçamos um diagnóstico e elaboramos uma estratégia de marca para a empresa, que olhava no âmago de seu surgimento, com base nas crenças do fundador. Identificamos um propósito verdadeiramente rico, que se alicerçava na vocação do fundador da marca em mergulhar nas histórias que os clientes da marca tinham com plantas, espaços, memórias afetivas e outros, para então projetar um paisagismo capaz de melhorar a vida das pessoas e também do seu entorno e ambiente. Nos fundamentamos nesse propósito para construir a marca da empresa de paisagismo, e foi surpreendente ver o reflorescimento do negócio. 

Minha principal transformação foi perceber que muitos empreendimentos possuem propósitos genuínos e positivos para a sociedade, porém é comum que esses valores sejam enfraquecidos com o passar do tempo. Portanto, voltamos ao papel da liderança presente na primeira pergunta, ou seja, quem lidera tem a responsabilidade de manter-se atento à cultura do seu negócio, para reforçar valores positivos que são a base de qualquer iniciativa, e que encontram acolhimento em parte cada vez mais crescente da sociedade.