Em defesa do Pantanal

Mônica Guimarães

Nesta edição, a convidada é Mônica Guimarães, produtora cultural e coordenadora da iniciativa Documenta Pantanal, que une arte e meio ambiente para inspirar novas atitudes e proteger um dos biomas mais ricos – e ameaçados – do planeta. 

Liderança para transformar culturas e consciências

Produtora cultural e empresária, Mônica tem se dedicado a uma missão que vai além da arte: usar a força da cultura como aliada na preservação ambiental. À frente do Documenta Pantanal, ela trabalha para registrar, difundir e proteger a biodiversidade, as histórias e os modos de vida pantaneiros por meio de filmes, livros, exposições e campanhas educativas. 

“Quero ser lembrada como alguém que, inquieta, juntou arte e preservação para tentar melhorar a vida das pessoas”, afirma. 

Mais do que inspirar, líderes precisam mobilizar e realizar. Para isso, é preciso transformar discursos em ações que promovam justiça social, equidade racial e preservação dos recursos naturais.  

“Os biomas não têm muros. Tudo está conectado. E felizmente há muita gente boa trabalhando pelo bem.”  

Como você vê o papel da liderança e do propósito no enfrentamento dos desafios globais atuais, como a sustentabilidade e a inclusão social?

A liderança e o propósito são fundamentais para enfrentar desafios globais como a sustentabilidade e a inclusão social.  

É um papel essencial das lideranças enfrentar esse novo mundo tão abatido. Líderes do bem com propósito claro, inspiram ações transformadoras, concretas e promovem valores éticos e dessa maneira podem, e devem mobilizar pessoas e organizações para gerar impacto positivo.

E é disso que precisamos.  Visão e compromisso para orientar decisões que fomentam o desenvolvimento econômico equilibrado, a justiça racial e social e a preservação ambiental, que merece nossa atenção – estamos em alerta, sabemos.   

Quais ações ou iniciativas você vê acontecendo hoje no mundo que podem inspirar indivíduos e organizações a adotarem práticas mais responsáveis e sustentáveis?

Felizmente hoje temos muitas iniciativas que servem de exemplo. Focando a lente no Pantanal, que é hoje a minha área de atuação, temos organizações não governamentais (ONGs) que atuam na conservação ambiental, na educação, na promoção do desenvolvimento sustentável e na inclusão social e racial das populações locais, especialmente comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas.

Posso dar alguns exemplos, mas certamente esquecerei de alguns importantes:  SOS Pantanal; Onçafari; IHP – Instituto Homem Pantaneiro, Acaia Pantanal; Chalana Esperança; é muita gente trabalhando pro bem!  E como os biomas não têm muros, gostaria de citar também o SOS Mata Atlântica.   

Quais lições ou histórias de transformação pessoal ou profissional você gostaria de compartilhar que poderiam inspirar outros a liderarem com propósito?

 Vou “puxar um pouco o sapicuá aqui para o nosso lado.  O nascimento da iniciativa que coordeno, ao lado da conservacionista Teresa Bracher,  nasceu de um pequeno projeto de filme documentário que fizemos em 2018 – Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra. Depois que fizemos o filme, confirmamos que a força da imagem pode gerar um impacto importante nas causas ambientais, sociais, enfim, nas causas do bem.

Nunca mais paramos e criamos em 2019 o Documenta Pantanal que visa documentar, difundir e proteger o bioma pantaneiro. Através de filmes, livros, exposições e campanhas, procuramos chamar a atenção para as belezas e fragilidades do Pantanal, promovendo sua conservação por meio de ações culturais e educativas.  Acreditamos que os filmes, livros, fotografias mostram os impactos das ações humanas e incentivam mudanças de comportamento, tanto em indivíduos quanto em organizações. Eles ajudam a informar, sensibilizar e engajar o público de forma poderosa.