Nesta edição, mergulhamos na mente inquieta de Carlos Piazza, um futurista regenerativo, darwinista digital e provocador de pensamentos. Com uma visão afiada sobre tecnologia, sociedade e sustentabilidade, ele nos convida a refletir sobre a urgência de mudanças estruturais e sobre como a liderança pode – e deve – desempenhar um papel essencial na construção de um mundo melhor.
O Futurista Regenerativo que Provoca e Inspira
Carlos Piazza se define como um darwinista digital e futurista regenerativo, certificado pelo Millennium Project. Ele trabalha com polimatia – a fusão de diversas áreas do conhecimento – para interpretar o impacto das tecnologias disruptivas e suas consequências para a sociedade.
Mas Piazza não se contenta apenas em observar o futuro. Ele o questiona, desafia e provoca. “Sou um cara malcriado”, ele brinca. “Estou no meio desse caos, de periscópio ligado, tentando entender para onde estamos indo.”
Para Piazza, propósito não é algo leve – ele nasce da indignação. “Quem tem propósito faz tudo de propósito, não faz nada por acaso.” No entanto, ele alerta que muitas empresas ainda operam no curto prazo, sem considerar os impactos de longo prazo de suas decisões.
Ele critica a forma superficial com que muitas organizações tratam a sustentabilidade e o ESG, esquecendo a governança e a inclusão social. “As empresas ainda olham para o trimestre. O futuro, para elas, dura três meses. Quando fecham o balanço e garantem seus bônus, recomeçam tudo de novo, ignorando os ‘meteoros’ que caem lá fora.”
Para ele, as lideranças precisam assumir um papel ativo na transformação das empresas, deixando para trás o pensamento fordista e abraçando novas economias e modelos regenerativos. Afinal, dois terços do PIB global estão nas mãos das empresas – e, com esse poder, vem a responsabilidade de mudar o jogo.
Piazza encontra inspiração no legado de Carl Sagan e sua visão sobre a fragilidade do planeta Terra. Ele cita o livro Pálido Ponto Azul, que mostra a Terra como um minúsculo ponto no vasto universo – um lembrete de que não temos outro planeta para chamar de lar.
Com esse olhar, ele defende que o futuro não é apenas sobre reduzir danos, mas sobre regenerar o planeta. Piazza acredita que devemos unir tecnologia, filosofia e inovação regenerativa para reconstruir nosso mundo, deixando um legado positivo para as próximas gerações.
“Que tipo de ancestral você quer ser para seus filhos e netos? Como deixaremos o planeta para eles? Precisamos urgentemente repensar nossa relação com o consumo e a extração de recursos naturais.”
Piazza compartilha uma provocação com seus alunos: “Todo filme B que passa na sua cabeça sempre foi seu plano A. Você só finge que não ouviu.” Ele explica que muitas pessoas adiam seus verdadeiros propósitos por medo ou comodidade, e acabam presas em trabalhos que não fazem sentido.
Ele próprio viveu essa transformação quando decidiu deixar o mundo corporativo e se tornar independente. “Demorei para perceber que não poderia mudar as empresas estando dentro delas. Quando fiz essa escolha, percebi que deveria ter feito antes.”
Hoje, ele desafia a ideia de coerência imutável. “O mundo muda o tempo todo. Quem se apega a uma coerência eterna está fadado à obsolescência. Precisamos aprender, desaprender e reaprender constantemente.”
Carlos Piazza nos convida a olhar para o futuro com senso crítico e urgência. Ele desafia lideranças a saírem da zona de conforto, a enfrentarem conflitos e a abraçarem a diversidade de pensamento como fonte de inovação.