As lendas são uma das mais fantásticas e genuínas tradições portuguesas, que misturam verdade com fantasia e, algumas pessoas, ainda dizem que têm lendas baseadas em acontecimentos reais. Em Portugal, a maioria delas são compostas por reis, princesas, mouras encantadas, castelos amaldiçoados, animais míticos, romanos, entre outras diversidades do imaginário da cultura portuguesa.
Está curioso? Então vamos contar alguns mitos e lendas portuguesas:
Lenda do Galo de Barcelos
Essa é uma das lendas populares portuguesas mais famosas. A lenda diz que em certo tempo, os moradores de Barcelos estavam preocupados com um crime em que o responsável não havia sido descoberto. Até que um dia um suspeito apareceu, um peregrino galego que jurava inocência, e dizia estar de passagem em peregrinação a Santiago de Compostela. Mesmo assim, ele foi preso e condenado à forca.
Seu último desejo era falar com o juiz que o condenou e o levaram a sua casa, no meio de um grande banquete. Ao afirmar novamente sua inocência, o peregrino apontou para um galo assado que estava sobre a mesa, e exclamou: “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem”.
Todos riram e não acreditaram, mas ninguém comeu o galo. Então, quando o peregrino iria ser enforcado, o galo ergueu-se na mesa e cantou! Afinal, ele era mesmo inocente. Ele foi libertado e continuou sua viagem. Alguns anos depois, o peregrino voltou a Barcelos e ergueu o Monumento do Senhor do Galo em louvor à Virgem Maria e a Santiago Maior.
Lenda da Serra da Estrela
Segunda essa lenda portuguesa, há muitos anos, um pastor tinha uma amiga diferente, uma estrela a qual conversava todas as noites. O Rei, ao ficar sabendo da história, ofereceu ao pastor que ele trocasse a sua estrela por uma grande riqueza. No entanto, o pastor negou a oferta, dizendo que jamais trocaria a sua amiga por uma riqueza, que ele preferia continuar pobre a perder sua querida estrela.
Ao voltar para sua cabana no alto da serra, o pastor disse a estrela que vale mais uma amiga do que muito dinheiro. Além disso, ele deu o nome aquela serra de “Serra da Estrela”.
E, diz a lenda, que até agora no alto da serra há uma estrela que brilha de maneira diferente, ainda à procura de seu amigo, o velho pastor.
Lenda dos Tripeiros
Essa é uma lenda que faz parte da história de Portugal e dos descobrimentos europeus. E, sem dúvida, como veremos a seguir, certamente faz parte das lendas assustadoras portuguesas.
Bem, diz a lenda que no ano de 1415 construíam-se nas margens do Rio Douro as naus e os barcos, mas as razões para isso eram secretas. Apesar de várias especulações, ninguém sabia ao certo quais eram os reais motivos para a construção.
No entanto, um dia o Infante D. Henrique apareceu inesperadamente no Porto para ver o andamento dos trabalhos e, mesmo que satisfeito com o esforço despendido, pensou que se poderia fazer ainda mais. Além disso, ele contou ao mestre Vaz, o fiel encarregado da construção, as verdadeiras e secretas razões que estavam construindo barcos e naus: a conquista de Ceuta.
Ele então pediu ao mestre e aos seus homens mais empenho e sacrifícios para que as obras terminassem. O mestre Vaz então, lhe prometeu que todos os homens, como sacrifício, dariam toda a carne da cidade e comeriam apenas as tripas. Por isso, ficaram conhecidos como tripeiros.
Comovido com o sacrifício, o infante D. Henrique apontou então, esse nome de tripeiros era uma verdadeira honra para o povo do Porto. Assim, acredita-se que os tripeiros ajudaram para que a grande frota do Infante D. Henrique, com sete galés e vinte naus, partisse a caminho da conquista de Ceuta.
Lenda dos Alfacinhas
Além de fazer parte das melhores cidades de Portugal para morar, Lisboa também é cercada de lendas populares portuguesas pequenas e grandiosas. Uma delas é a Lenda dos Alfacinhas, que tenta explicar porque os habitantes da cidade são chamados de Alfacinhas.
Uma das teorias remete a ocupação de Lisboa pelos Mouros entre 711 e 714, que começaram a cultivar o “Al-Hassa” e acabou se transformando em “Alface” na língua portuguesa. A planta era usada para diversos fins, tanto medicinais quanto culinários. Segundo a lenda, após uma guerra, os moradores tinham apenas alface para comer e, por isso ficaram conhecidos assim.
Lenda da Lagoa das Sete Cidades
Mas engana-se quem acha que os mitos são apenas para os adultos. Por lá, também vão contadas muitas lendas infantis portuguesas bem interessantes.
Segundo a lenda da Lagoa das Sete Cidades, há muitos anos, no lugar onde hoje fica a freguesia das Sete Cidades, havia um grande reino onde vivia uma princesa de olhos azuis, muito bela e bondosa. Uma de suas atividades favoritas era passear pelos campos e contemplar as belezas da natureza.
Durante um de seus passeios, a princesa conheceu um simpático pastor, de olhos verdes, que cuidava de seu rebanho, com quem decidiu conversar. Eles conversaram muito sobre os animais, as flores, o tempo e de todas as coisas simples e belas que os rodeavam. Deste dia em diante, os dois passaram a encontrar-se todos os dias para conversar.
Após um tempo, os dois estavam apaixonados e trocaram juras de amor eterno. Ao ficar sabendo, o rei proibiu a princesa de se encontrar com o pastor porque desejava que ela se casasse com um príncipe. No entanto, permitiu que ela o visse mais uma única vez para se despedir.
O último encontro aconteceu nos verdes campos onde se conheceram. Ao conversarem, choravam muito e as lágrimas dos olhos azuis da princesa correram pelo vale e formaram a lagoa azul. Da mesma forma, as lágrimas dos olhos verdes do pastor caíram com tanta intensidade que formaram a lagoa de água verde.
Essas lágrimas da despedida, segunda a lenda, formaram duas lagoas, a Lagoa Azul e a Lagoa Verde, que ficaram para sempre juntas, mas como os dois jovens apaixonados nunca poderiam se unir, mas também nunca iriam se separar. Elas são conhecidas como as “Lagoa das Sete Cidades”.
Por Andrea Côrtes, autora no Euro Dicas.