A história da Cuca de Blumenau e a herança alemã

16 de julho de 2021
LPM

Você já pensou que alguns itens básicos na mesa de uma celebração em família, de um café da manhã típico de algum lugar, tem uma herança cultural muito importante que durante anos vai moldando nossa identidade como descendentes de algum local?!

A gastronomia está diretamente ligada à cultura de um povo, no modo de produzir, consumir. Blumenau conta com uma iguaria chamada Cuca, feita a partir de trigo. O costume de consumir esse item foi herdado dos primeiros imigrantes vindos da Alemanha e até hoje recebe circuitos gastronômicos promovendo a história.

A chegada da cultura alemã em Blumenau

Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau – Crédito Reprodução

Quando obteve do Governo Provincial uma terra para estabelecer colônia em 1850, o químico e farmacêutico alemão Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau trouxe consigo a criação da Colônia Blumenau e além disso, costumes e experiências diferentes das vividas pelos camponeses brasileiros.

Com a chegada em terras tupiniquins, os imigrantes tiveram que se adaptar com a alimentação e principalmente, a forma como se produziam e cultivavam seus mantimentos. Foram necessárias algumas adaptações para incorporar os produtos agrícolas brasileiros nas receitas originais alemãs.

Na Europa, devido ao clima frio e de pouco sol, eram produzidos outros tipos de grãos, como trigo, cevada e lentilha. No Brasil, um clima totalmente diferente, eles encontraram outros grãos como feijão, milho, café, além de frutas desconhecidas por eles, como a banana, abacaxi, coco, pêssego.

Como a história da Cuca de Blumenau, alguns outros produtos alemães foram adicionados para os brasileiros, como manteiga, batata, nata e carne de porco. Com isso, Blumenau foi moldando sua culinária, desenvolvendo suas receitas, absorvendo costumes e contando essa história até hoje em dia.

A história da cuca de Blumenau

O verdadeiro nome da Cuca, na verdade é Kuchen (bolo em alemão). Mesmo o produto sendo já conhecido pelos alemães e tivessem talvez pouca importância pelo alimento, ele se tornou “popular” por aqui após essa troca de experiências entre agricultores dos dois países.

Massa feito à base de trigo e manteiga, a Cuca sempre teve um foco em ser um prato doce. Na Alemanha, era bastante comum o recheio ser de frutas das regiões, como maças, damasco e ameixa. No Brasil, adaptou-se o abacaxi e também a banana (uma das mais tradicionais receitas de cuca).

A cuca é composta por três camadas, a primeira uma massa, a segunda recheio e a terceira é uma farofa crocante. Veja receitas aqui.

Mais recentemente, a cuca deixou de ser um prato exclusivamente doce. A linguiça, prato típico alemão também, foi um dos primeiros ingredientes salgados a serem incorporados na Cuca. Por ser um prato originalmente doce, demorou um pouco para cair no gosto popular. A massa doce e a farofa crocante também podem ser salgados.

A cultura da cuca em Blumenau, conta muito sobre a vivença e trocas de experiências entre brasileiros e alemães. Desde de sua criação, até hoje, essa história é contada cada vez que uma cuca é servida nos lares brasileiros. Independente das variações de receitas, o prato é ligado às tradições, heranças, costumes e hábitos. É um elo entre o passado e o presente, geração pós geração, valorizando uma identidade gastronômica miscigenada, porém única.

Circuito BlumenKuchen

A Prefeitura de Blumenau, em 2014, lançou a primeira edição do festival chamado de BlumenKuchen, para celebrar, na época, 164 anos. Padarias e confeitarias da cidade durante o período do evento vendem suas cucas por preços promocionais celebrando a fundação de Blumenau, promovendo seus atrativos gastronômicos e comércio local recebendo visitantes para degustar a especialidade blumenauense.

No ano de 2021, o festival BlumenKuchen acontecerá entre os dias 1 e 12 de setembro. Para mais informações sobre o evento, acesse aqui.

Em setembro de 2019, para comemorar os 169 anos, Blumenau alcançou o recorde de maior cuca do Brasil já feita, pela RankBrasil, com cerca de 169 metros. A cuca foi de banana e serviu gratuitamente cerca de 8 mil pedaços para a população. Foram usados cerca de 604 ovos, 510 quilos de farinha de trigo e 200 kg de bananas.

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