A cultura de Mato Grosso do Sul tem sua identidade ligada à miscigenação de povos, assim como grande parte do nosso Brasil. Além da proximidade com as fronteiras de países vizinhos como Paraguai e Bolívia, o que por si só já traz muita influência de comportamentos e hábitos, o estado brasileiro desenvolveu ao longo dos anos sua própria personalidade trazendo comportamentos de outras regiões do Brasil, mas também de países estrangeiros.
E essa personalidade se reflete, além de se afirmar cada vez mais, nas características identitárias do seu povo. A começar pela influência paraguaia já contada aqui no LPM, você pode entender melhor como o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul culturalmente está ligado à chegada paraguaia em solo brasileiro.
Já para o lado boliviano da fronteira, foi após a delimitação de territórios em 1867 no Tratado de Ayacucho, que contribuiu para a facilitar e aumentar o fluxo de imigrantes bolivianos na divisa com Corumbá, crescendo cada vez mais a mistura de povos com o passar dos anos.
Atualmente, a Feira da Bolívia acontece todos os meses e é reconhecida como um evento oficial da agenda do Estado, apresentando e reforçando a importância dessa integração social. A feira apresenta não só a culinária boliviana e seus sabores, representada principalmente pela Saltenha, produto boliviano muito bem adicionado na cultura sul-mato-grossense, mas também de outras manifestações culturais bolivianas como danças e apresentações musicais, exposição de peças de roupas e artesanatos.
Fora das fronteiras continentais, Mato Grosso do Sul também é ligado historicamente e culturalmente aos árabes. A presença dos libaneses, sírios e árabes constam desde o início do séc. XX. Os imigrantes que chegavam a Corumbá, encontravam nas atividades comerciais uma oportunidade rápida de retorno financeiro e foram aos poucos ganhando espaço para praticar suas habilidades de vendas, como a barganha. Com isso, os árabes começaram a explorar as áreas próximas e foram desbravando, vendendo e se instalando em outras regiões, integrando seus hábitos de gastronomia, religião e costumes. Diversos nomes e figuras importantes do estado tem descendência árabe, principalmente na área artística e política. Nos dias de hoje, você encontra diversos movimentos sociais e culturais que mantêm as tradições árabes vivas.
Aprovado por lei, Mato Grosso do Sul comemora no dia 22 de Novembro, o Dia da Comunidade Libanesa.
A história e influência indígena
O estado abriga a terceira maior população indígena do país atualmente. Algumas tribos que habitavam o início de Mato Grosso do Sul, como os Guaranis, Terenas, Caiuás, Caiapós e Ofaiés, começaram os primeiros passos da história e cultura local a partir da agricultura e atividades manuais como a produção de artesanato.
Essas tribos foram se desenvolvendo junto com costumes e tradições de imigrantes, mas mantendo um forte tempero regional indígena brasileiro nessa mistura, principalmente nas regiões do Pantanal, onde a pesca e atividades próximas ao Rio Paraguai já eram praticadas.
Foram incorporados idiomas, crenças e religiões, mitos, hábitos de produção e novos ingredientes para a alimentação, músicas e danças. Como é o caso dos Cadiuéus (ou Kadiwéus), indígenas remanescentes dos guaicurus, tribo paraguaia que tinha moradia na fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Ritmos como a polca paraguaia, guarânia, chamamé são resultado também dessa miscigenação.
Como comentado acima, o artesanato sempre esteve presente no estado sul-mato-grossense desde os primeiros habitantes. De diversos formatos, algumas dessas produções de artesanatos indígenas são tombadas como patrimônios imateriais e vendidas por todo seu território, como a cerâmica terena em Campo Grande, o artesanato Kadiwéu na Serra da Bodoquena e a Viola de Cocho presente nas modas e rodas tradicionais e características do estado.
Falando de hábitos e ingredientes para alimentação, as aldeias mais próximas aos centros urbanos até hoje produzem e abastecem diversas feiras e mercados municipais com arroz, milho, feijão, feijão de corda e mandioca, alimentos que formam a base dos principais atrativos culinários do estado. Um legado e tanto.
Gastronomia sul-mato-grossense
Essas características culturais ficam ainda mais presentes quando nos deparamos com os principais e mais rotineiros pratos servidos no estado. Em toda gastronomia sul-mato-grossense, há a influência dos paraguaios, bolivianos, dos pantaneiros raiz, japoneses, árabes, paulistas e até mesmo dos bandeirantes gaúchos que migraram para o estado e criaram cidades na região.
Das mais diversas e saborosas iguarias frequentes, Mato Grosso do Sul conta com o sobá, churrasco, mandioca, carne seca, quebra-torto, arroz carreteiro, chipa, sopa paraguaia, saltenha, cremes e pudins de bocaiúva, que compõem o marcante sabor do estado.
Há também a gastronomia raiz presente no estado. A gastronomia pantaneira possui suas peculiaridades e tradições mantidas desde o começo. Baseada em peixes, como o caldo de piranha e pratos com peixes tipo Pacu e Pintado.
Diferente do tererê (atenção ao acento) servido quente nas chaleiras nas regiões sul do Brasil, o tereré do Mato Grosso do Sul também é tombado como patrimônio imaterial, com a diferença de ser servido gelado na guampa. Está presente na maioria das rodas de conversas entre amigos e momentos para relaxar de quase todo sul-mato-grossense.
Um parênteses importante que envolve gastronomia, cultura e imigrantes, é que Mato Grosso do Sul também “absorveu” novos ingredientes para sua cultura quando recebeu um movimento migratório de japoneses para o Brasil há mais de 100 anos. Inclusive, é no estado onde se encontra a terceira maior colônia japonesa atualmente em solo brasileiro.
Uma tradição original da Ilha de Okinawa no Japão, se popularizou por aqui e tornou-se o prato mais típico da cidade de Campo Grande. O sobá, inclusive, já foi reconhecido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo em uma votação popular como tal.
Inclusive, a capital Campo Grande foi a primeira cidade do país a ter restaurantes e feiras servindo o prato, trazendo ainda mais para si esse costume.
Para mais informações sobre o Mato Grosso do Sul e suas principais atividades e atrações, acesse o site: https://www.visitms.com.br/istoems/
Esse conteúdo é uma parceria com a Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul