O estado do Ceará é amplamente conhecido pela beleza de suas praias, dunas e até mesmo por parques aquáticos. Porém, a beleza do Ceará vai muito além do litoral. Está também na sua rica culinária.



A gastronomia cearense tem raízes, principalmente, muito ligadas aos povos indígenas, portugueses e africanos. Essa riqueza cultural-gastronômica teve início na época em que os portugueses fizeram as expedições no território e precisavam da ajuda dos indígenas para acessar áreas remotas ou se localizar, e esse contato teve bastante influência na alimentação dos portugueses e tinha como principal base a mandioca, conhecida popularmente no Nordeste como macaxeira.
Logo mais, os portugueses foram adaptando suas receitas com os ingredientes que existiam e mesclando com a culinária dos povos indígenas. A gastronomia do litoral cearense também tem fortes raízes dos povos originários que moravam naquela região. Do mesmo modo, a influência dos povos africanos contribuiu para o crescimento e enriquecimento da culinária do Ceará.
Dos povos indígenas foram herdados o consumo de papas e o preparo de alimentos tendo a mandioca como base. Os portugueses deixaram sua marca com sopas, cozido de carne e peixe e doces temperados com cravo, canela e erva-doce. Os africanos foram responsáveis por popularizar ingredientes como o milho, feijão preto, azeite de dendê e leite de coco.



Entre os principais pratos com influências indígenas, portuguesas e africanas, podemos destacar:
- Peixada cearense: cozido de peixes servido com pirão de farinha.
- Sarapatel: tem a aparência de um ensopado recheado de carne e é composto por sangue coalhado, torresmo, vísceras de porco e pimenta-de-cheiro ou folha de louro, que dão o gosto especial.
- Munguzá: prato feito de grãos de milho-branco inteiros, cozidos em um caldo contendo leite de coco ou de vaca, açúcar, canela em pó ou casca e cravo-da-índia.
Um estado tão rico e diversificado não poderia deixar de entregar tanto sabor, cultura, raízes históricas e conexões profundas com os seus antepassados. A junção desses três tipos de culturas diversas é frequentemente vista no mês de junho nas grandiosas festas juninas que ocorrem por todo o estado e em seus grandes festivais gastronômicos, como o Festival de Gastronomia de Aracati, que reúne música boa, comida local e a beleza da arquitetura local.

É no mês de julho que podemos ver essa diversidade e mistura de culturas, as festas juninas. Tanto no Ceará, como no Nordeste em geral, o São João é considerado um dos principais eventos do estado. Rico na culinária, o evento traz pratos à base de milho, coco, amendoim e outros ingredientes, é nessas festas que conseguimos notar como esses mix de culturas diferentes se uniram e se tornaram um só, trazendo identidade e personalidade para uma época do ano que celebra a riqueza cultural, comidas típicas originadas da mistura de outros povos e carregadas de valor históricos.
Provando que a sua beleza e encanto vão muito além de suas praias, o Ceará nos mostra que a beleza também vai à mesa e pode te transportar para diversas épocas, culturas e povos diferentes.
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Texto escrito por: Ana Carolina Lack de Souza.