Conheça três mantras e seus significados

9 de abril de 2021
LPM

Os mantras estão diretamente ligados com o surgimento do hinduísmo e possuem os mais diversos significados. Na verdade, eles são palavras em sanscrito, antigo idioma da Índia e Nepal, que não possuem uma tradução muito literal. Essas palavras foram retiradas dos Vedas, quatro antigos livros hindus – RigVeda, Yajurveda, Samaveda e Atharvaveda – que são a base da religião budista e hindu.

O segredo por trás dos mantras está, principalmente, na repetição. Eles podem ser repeditos por horas a fio, ajudando a pessoa a entrar em estado de relaxamento e meditação. Segundo os hindus, cada mantra possui um objetivo: existem aqueles para trazer paz, bondade, cura, amor, auto conhecimento, entre outros sentimentos positivos.

Mesmo sendo um costume tradicional hindu e budista, a prática de repetir uma frase ou palavra com o intuito de aumentar a concentração também foi adotado por diversas outras religiões. A nossa equipe separou três mantras e seus significados para te ajudar a entender um pouco melhor sobre esse costume milenar.

Om – Hinduísmo

Os mantras são uma parte muito importante do hinduísmo. Cada um deles possui uma particularidade, servindo para ativar os diferentes chakras do corpo, além de trazer proteção e bons sentimentos. A origem dos mantras também está diretamente ligada à origem da religião hindu, já que os mantras foram extraídos dos Vedas.

Seu objetivo principal é gerar vibrações no corpo humano através do som das palavras que são ditas por que mestá meditando. Normalmente, cada mantra possui uma função e significado específico, porém todos eles buscam o relaxamento, concentração e colocar e induzir a pessoa à um estado profundo de meditação.

De todos os mantras hindus, o “Om” é um dos mais importantes e possui diversos significados. Sua origem está ligada à criação do universo. Para os hindus, antes mesmo de existir qualquer tipo de forma ou matéria, o que existia era o som “Om”, por isso esse mantra tem tanta importância. Esse som sagrado está presente no começo e no fim de praticamente todas as práticas religiosas indianas.

A primeira delas é a sua ligação com a trindade sagrada dos deuses hindus: Shiva, Brahma e Visnu, que são respectivamente o destruidor, o criador e o conservador.

Esse mantra também está relacionado com os estados da vida: presente, passado, futuro e o silêncio. Para os hindus, quando falamos o Om, nós entramos em contato com o nosso “eu interior”, e assim abstraímos tudo sobre o nosso passado ou futuro dos nossos pensamentos, para poder encontrar a felicidade.

O Om tambem permite que a gente entre em contato com a natureza. Como o som está diretamente ligado à origem do universo, os hindus acreditam que todas as criaturas vivas emitem esse som, logo quando pronunciámos as quatro sílabas do Om – A, U, M e o silêncio ao final – entramos em contato com a natureza.

Para o corpo, ao pronunciarmos o “Aum” criamos vibrações que começam na parte inferior do tronco, sobem pela garganta e terminam no topo da cabeça, que despertam os chakras e trazem uma sensação de relaxamento. Por conta disso, o mantra é sempre cantado no início e fim das aulas de ioga e durante sessões de meditação.

Om Mani Padme Hum – Budismo

O Budismo surge a partir do hinduísmo antigo, por volta do século VI a.C. Alguns sábios e sacerdotes não concordavam com rituais e sacríficios que eram práticados e difundidos nos Vedas. Ao se desligarem de sua antiga religião, algumas tradições ainda se mantiveram, como os mantras.

O costume de cantar mantras se espalhou para as diferentes vertentes do budismo, como o tibetano, chinês e o japonês. Normalmente, são executados com o auxílio de um rosário budista, conhecido como mala.

No budismo, cada um dos mantras possuem um efeito específico, como a cura, felicidade ou boa sorte, eles também podem estar ligados a um antigo meste. Esse é o caso do mais conhecido e um dos principais mantras do Budismo: Om Mani Padme Hum. Sua origem, está ligado a Chenrezig, bodistva (traduzido como “ser de luz”) que representa toda a compaixão dos Budas. Por conta da sua força foi adotado por outras vertentes.

Assim como os mantras hindus, o Om Mani Padme Hum possui uma grande diversidade de significados. Cada uma das quatro palavras possui uma tradução, mas também as seis sílabas também tem um significado isolado.

A primeira sílaba, “Om”, possui um conceito muito próximo ao mantra hindu de mesmo som. Entretanto, o Om do budismo também representa a conexão e a sabedoria de todos os Budas. Ele também limpa a consciência de todo ego e pensamentos negativos.

A palavra seguinte, “Mani”, composta por duas sílabas, pode ser traduzida como jóia. Ela purifica o nosso corpo e nos livra de desejos e sentientos indesejáveis, como a inveja. Essa palavra também permite que possamos felicitar outros seres com alegria, ou seja, desperta a compaixão no ser humano.

“Padme” significa lótus. Suas sílabas também purificam a mente contra a ignorância e a ganância. Ela nos livra do bens materiais, ajuda a entrar em contato com os nossos próprios sentimentos e auxilia na tomada de decisões. Tabém traz harmonia para a alma que foi limpa pela a invocação do “Mani”.

Por fim, o “Hum” é a limpeza dos últimos sentimentos ruins e da abertura da alma. Essa última palavra livra o coração do ódio, deixando-o livre para amar. Para os budistas, o amor e o ódio não conseguem conviver juntos, por isso é necessário se livrar de um para poder ter o outro.

MaranathaCristianismo

Os mantras tradicionais das religiões indianas são, praticamente, frases ou palavras repeditas diversas vezes. No cristianismo, as orações se assemelham, em partes, à isso. O monge beneditino inglês, John Main, uniu os mantras e antigos costumes cristãos, atualizando seus significados. Assim surgiu a meditação cristã.

Main, além dos ensinamentos que recebeu no oriente sobre meditação, também resgatou uma antiga prática do séculos II e III d.C dos “Padres e Madres do deserto”. Esse antigo grupo de monges e freiras, que não tinham necessáriamente um vínculo com a Igreja, decidiu sair das cidades para viver em constante oração – também chamada de oração pura – no deserto da Nitria, no Egito. Um século mais tarde, São João Cassiano, aprendeu essa prática com os padres do deserto e acrescentou a repetição contínua de um versículo da Bíblia, como forma de afastar as distrações da mente.

Na segunda metade do século passado, John Main foi o responsável por reescrever essa prática para uma linguagem mais moderna, adicionando de maneira literal o conceito do mantra durante as meditações. Main também deu um sentido específico para a meditação cristã, que busca, diferente das orações comuns, não apenas conversar com Deus, mas estar na presença dele através do silêncio e da concentração profunda.

O monge benetidino também sugeriu a utilização da palavra em aramaico (mesmo idioma que Jesus falava) “maranatha”, que significa “vem Senhor”, como um mantra. Essa expressão é repetida continuamente durante a meditação, de maneira em que a sílabas fiquem bem espassadas, para que promovam o mesmo efeito de relaxamento e concentração dos mantras hindus e budistas.

Outra forma de oração que se assemelha muito aos mantras é o terço bizantino. Semelhante ao terço convencional na sua forma, o bizantino busca através de repetições de frases como “cura-me, Jesus” ou “Eu te amo, Jesus”. Essas frases se alternam durante as 1000 contas que são rezadas. Padre Marcelo Rossi foi um dos responsáveis por popularizar essa forma de oração, no final dos anos noventa, em seu programa de rádio, que atingia altos picos de audiência.

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