O Arraial do Banho de São João é muito mais que apenas uma festa junina, é uma manifestação histórica sobre a cultura pantaneira do Mato Grosso do Sul. Realizada na cidade de Corumbá, às margens do Rio Paraguai, celebra o Santo São João com muitas festividades, além da principal particularidade do evento, o banho do santo no rio.
A festa do Arraial do Banho de São João é reconhecida desde 2021 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. As comemorações acontecem sempre durante três dias antes do dia do santo São João, comemorado no dia 24 de junho, um dos três santos celebrados durante as festas juninas, que também inclui o Santo Antônio e São Pedro.
A prefeitura de Corumbá organiza um arraial no Porto Geral enfeitado com bandeirinhas, barracas de comidas e bebidas típicas das festas juninas, como canjica, curau, milho verde cozido, arroz doce, pé-de-moleque, paçoca, pipoca, bolos típicos como milho e mandioca, quentão e vinho quente. Tudo isso misturando procissões, rituais e novenas, junto a danças de forró e quadrilhas, brincadeiras e concursos de andores e casais, pescaria, e um palco principal para shows.
A principal e mais marcante atividade do arraial, é quando toda comunidade pantaneira sai em procissão em direção ao Rio Paraguai levando a imagem de São João para ser banhada em uma pequena praia do Porto Geral.
Levando seus andores e altares decorados com muita devoção, desfilam pela cidade e sobem a ladeira Cunha e Cruz, no centro histórico de Corumbá para uma pequena parada, são anunciados por um locutor para o público para serem saudados, seguido por uma queima de fogueira e fogos. Na passagem do dia 23 para o dia 24, a população se dirige para às margens do Rio na pequena praia para realizar, assistir e participar do ritual do banho, onde lavam a imagem do santo para simbolizar, lavar seus pecados, preocupações ou energias negativas.
É um evento muito importante para a economia e preservação cultural corumbaense, fortalecendo laços comunitários, gerando emprego e renda para seu povo, além de preservar suas tradições religiosas e festivas.
História da festa Junina e chegada ao Brasil
Após o cristianismo se consolidar na Europa, diversos costumes pagãos foram sendo incorporados no calendário festivo do catolicismo. Uma dessas festas aconteciam no mês de julho, período da passagem da primavera para o verão europeu. Diferentes antigos povos pagãos realizavam festas para afastar maus espíritos e espantar as pragas de suas colheitas.
No Brasil, a festa junina é ligada aos portugueses. Chamadas de “Joaninas” pelos europeus, em homenagem ao santo São João, foi trazido durante o período de colonização no século 16, onde eram feitas procissões e missas católicas para homenagear o santo.
Com o passar dos anos, a cultura da festa junina foi se tornando parte do calendário brasileiro e sendo incorporado outras tradições brasileiras, como indígenas e afro brasileiras. Assim, passou a ser popular no Brasil o uso de fogueiras, rituais relacionados à agricultura como milho, um dos principais produtos das comidas típicas das festas e prática de danças e músicas com uso do tambor e zabumba e celebrações afro religiosas, como giras em terreiros de candomblé e umbanda.
Atualmente, as festas juninas são uma festa popular brasileira, celebrada em todos os cantos do país, cada local com sua particularidade cultural mas sempre com muita animação e respeito religioso.
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