Esses dias estávamos em casa conversando sobre nossos filhos e a reforma do apartamento , com a possibilidade dos meninos se separarem de quarto. A diferença de cinco anos entre eles me faz tentar mantê-los o mais unidos possível, pois sei que estão fases bem diferentes da vida. Mas Gabriel quer continuar dormindo com Rafa por pelo menos cinco ou seis anos, segundo ele. E foi no meio dessa conversa que ele mandou: tudo bem, com 16 eu estarei fazendo intercâmbio. Ui! O meu coração deu um nó!
De fato, daqui a cinco ou seis anos o nosso planejamento é poder mandar o nosso filho para um intercâmbio estudantil Nós tivemos essa oportunidade quando jovens e sabemos que é um crescimento em todos os sentidos para eles.
Entre idas e vindas de estudos e viagens, nós criamos independência. E é isso que a gente sempre quer para os filho, criá-los para o mundo. Mas quando eles verbalizam o sair de casa, o sentimento se atrapalha todinho.
No meu ponto de vista, viajar sempre foi uma forma de aprender. Comportamentos, culturas, idiomas, diferentes formas de se relacionar. Se é isso que passamos para as crianças aqui em casa, é natural que elas tenham esse sentimento se construindo internamente.
No próximo aniversário, por exemplo, Gabriel já não quer festa. Vai escolher uns amigos e viajaremos com ele para um hotel cheio de campos de futebol. E disso que eles precisam! “Quero aproveitar com meus amigos”, disse.
Quando eu imagino ele um ano fora de casa morando com outra família, outros irmãos e tendo outra vida, fico com o coração apertado. Não esperava já sentir isso com tantos anos de antecedência. Será que estarei pronta para vê-lo embarcar numa aventura em algum canto do mundo?
Bem, isso já é pauta da terapia, diga-se. A certeza e segurança dessas crianças é inacreditável. Eles colocam uma coisa na cabeça e fazem acontecer. É como o desafio de passar de fase no videogame.
Muito provavelmente, somos nós os responsáveis por essa ideia estar na cabeça de Gabi. Falamos aqui e ali, sempre contando as nossas experiências. E agora, na cabecinha dele, já é um planejamento de longo prazo. Enquanto isso, ele tem o tempo que precisa para aproveitar dividindo o quarto com o irmão!
E a viagem começa quando a gente coloca ela na cabeça. Qual país? Estados unidos ou Europa? No meio do ensino médio ou antes da faculdade? Como seria a família? Lugar quente ou frio? Vira e mexe a gente se pega batendo esse papo. Sem peso ou decisões de absolutamente nada. Apenas pelo fato de pensar numa viagem.
A sensação de que logo (tá, não tão logo!) meu filho sairá de casa para um intercâmbio estudantil me faz tremer e deixa o choro engasgado. Mas me deixa certa de que o melhor caminho para a vida é o conhecimento e a coragem. E nenhum conhecimento é mais rico do que aquele que adquirimos quando colocamos uma mochila nas costas e saímos mundo
afora!