Negócios com propósito, impacto e escala

Guilherme de Almeida Prado

Nesta edição, conversamos com Guilherme de Almeida Prado, empreendedor que desde 2012 se dedica a criar negócios escaláveis com impacto social real. 

Dormir tranquilo pelo propósito, acordar à noite pelo desafio

Empreendedor desde 1999, Guilherme é pai de duas meninas e alguém que carrega inquietações desde cedo. “Sempre me incomodaram as desigualdades sociais do Brasil”, conta. Foi esse incômodo que o levou, em 2012, a buscar outro caminho: negócios privados que existissem não apenas para o lucro, mas para resolver problemas sociais do país. 

Na época, ele ainda não conhecia o termo “negócios de impacto”. Hoje, é uma referência no setor, e um dos fundadores da Central da Visão, empresa que faz a ponte entre clínicas oftalmológicas particulares com horários vagos e pacientes que precisam de uma cirurgia com condições facilitadas de pagamento, segurança e qualidade. A Central da Visão foi vencedora do Prêmio Impactos Positivos de 2022 na categoria tração. 

Para ele quem teve acesso à educação de qualidade no Brasil precisa contribuir com a transformação social ou ambiental. E a liderança, nesse contexto, tem um papel vital: canalizar a energia de pessoas e organizações para gerar impacto positivo. 

Guilherme de Almeida Prado é mais uma voz que reforça o espírito do LPMovement: liderar com propósito é agir com consciência, inovar com responsabilidade e seguir com coragem. 

Como você vê o papel da liderança e do propósito no enfrentamento dos desafios globais atuais, como a sustentabilidade e a inclusão social?

Sempre gostei de empreender e empreendo desde 1999. Sempre me incomodou as diferenças sociais que existem no Brasil. Então, em 2012 comecei a me dedicar a negócios privados, mas que tenham como objetivo resolver algum problema social do Brasil. Na época nem sabia que existia o setor de negócios de impacto. Fui descobrir depois que existia essa nomenclatura.  

Minha visão é que, no Brasil, qualquer um que teve acesso à educação de qualidade deveria contribuir de alguma forma com alguma questão social ou ambiental. Então eu vejo que a liderança tem um dever de canalizar a energia das empresas e organizações de forma a gerar alguma forma de impacto positivo. Sinto também que ter um propósito genuíno ajuda na atração e retenção de talentos. E também ajuda a ter mais energia para enfrentar as adversidades. 

Quais ações ou iniciativas você vê acontecendo hoje no mundo que podem inspirar indivíduos e organizações a adotarem práticas mais responsáveis e sustentáveis?

Tem muitas iniciativas interessantes. A Central da Visão, por exemplo, conseguiu oferecer cirurgias oftalmológicas com clínicas de excelência usando espaço ocioso.

É um modelo que ganha o paciente, a clínica, a Central da Visão e a sociedade, já que a fila de catarata no SUS é reduzida por tabela.

Uma boa fonte é ver o portfólio de empresas aceleradas pela Artemisia ou Quintessa. Lá tem muitas empresas com negócios realmente que fazem a diferença. 

Quais lições ou histórias de transformação pessoal ou profissional você gostaria de compartilhar que poderiam inspirar outros a liderarem com propósito?

Na minha experiência pessoal, ter migrado para trabalhar com negócios que tenham impacto social me ajudou a dormir mais tranquilo, enxergar que contribuo de alguma forma para reduzir as desigualdades e a deixar um legado.

Por outro lado, do ponto de negócios, atuar com impacto social é muito desafiador. No geral, significa criar um modelo de negócios inovador – com as dificuldades que toda inovação trás. Além disso, para ser rentável trabalhando com consumidores de menor poder aquisitivo, é necessário ter muito mais escala, o que não é fácil.  

Então eu diria que durmo mais tranquilo pelo propósito e acordo mais a noite pelo desafio de colocar esses negócios num patamar de escala e rentabilidade aceitáveis.