A cidade de Aquidauana foi palco da segunda edição do Pantanal Tech 2025, o maior encontro de produção sustentável do Pantanal, realizado entre 26 e 29 de junho de 2025, aos pés do Morro do Paxixi. Realizado na Fazenda-Escola da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, o evento tem o objetivo de ser um espaço singular de convergência entre conhecimento científico, saberes tradicionais, inovação tecnológica e preservação ambiental, onde é possível produzir no Pantanal com inteligência, respeito ao bioma e visão de longo prazo.
Durante quatro dias, o evento apresentou 19 vitrines tecnológicas voltadas à agropecuária de baixo impacto, ao manejo inteligente de recursos hídricos, à conservação do solo e ao uso eficiente de insumos. Startups e instituições públicas e privadas apresentaram soluções aplicadas à realidade pantaneira e mostraram in loco a viabilidade de tecnologias ecológicas .
A programação apresentou oficinas, palestras, rodas de conversa e demonstrações práticas que ajudaram a traduzir a ciência para o campo, promovendo o protagonismo de agricultores, técnicos, jovens estudantes e lideranças locais. O Pantanal Tech se desdobrou em temáticas que refletem os desafios e as vocações da região: agropecuária sustentável, agricultura familiar, agronegócio, turismo, economia criativa, artesanato e cultura
A presença ativa de instituições como Embrapa, UEMS, Fundect, Sebrae, Fiems e Governo do Estado garantiu um ecossistema de suporte capaz de sustentar o desenvolvimento contínuo das soluções apresentadas.
Alunos do curso técnico agropecuário do CEPA (Centro Educacional Profissionalizante de Aquidauana), vinculado à UEMS apresentaram o PackSeed, da startup EcoSeed, a empresa nasceu durante o Pantanal Tech do ano passado. Se trata de uma tecnologia que acelera a germinação de sementes nativas para sistemas agroflorestais.
O evento também foi palco para práticas do sistema de IPF (Integração Pecuária-Floresta) com espécies adaptadas ao Pantanal, como o louro-preto (uma árvore nativa do Brasil), e para demonstrações de piscicultura com espécies nativas, adaptadas às particularidades ecológicas da região. Além disso, iniciativas como o Sisteminha Embrapa mostraram como é possível levar segurança alimentar e produção de baixo custo para pequenas comunidades e áreas urbanas, com base na autonomia e na replicabilidade.
Na pecuária do Pantanal, o evento trouxe avanços significativos em nutrição, manejo e melhoramento genético, com demonstrações realizadas em animais da Fazenda UEMS e de propriedades locais. Entre os destaques, a startup PantaEmbryo apresentou soluções inovadoras na área de reprodução animal, incluindo a produção de embriões in vitro. Outra startup, a Pantabio, apresentou biotecnologia para pastagens, pois desenvolve bioinsumos inovadores à base do fungo Trichoderma que aumentam a eficiência das lavouras e reduzem a dependência de insumos químicos. E também houve o NOA – NutriOpt On-site Adviser, permite análise instantânea de alimentos usados na pecuária, facilitando o balanceamento nutricional e reduzindo desperdícios.
A realização do Pantanal Tech MS reforça a relevância de Mato Grosso do Sul como pólo de inovação sustentável. Ao descentralizar o acesso a tecnologias de fronteira, o Pantanal Tech ressoa em todo o Brasil: mostra que inovação e preservação não são antagônicos, mas sim complementares — fortalecendo a segurança alimentar, gerando valor agregado para produtos pantaneiros, enfrentando desafios climáticos regionais e fortalecendo a identidade cultural e econômica da região.
Não se fala apenas de máquinas e algoritmos. Fala-se de autonomia, de raízes, de pertencimento. A tecnologia é ferramenta a serviço da vida — e não o contrário. Em oficinas e rodas de conversa, jovens aprendem ao lado de mestres, universidades dialogam com assentamentos, inovação encontra solo fértil nas mãos de quem vive da terra e a conhece como poucos.
O impacto vai além dos números, o Pantanal Tech planta ideias. É um espaço onde o conhecimento circula sem hierarquia, onde a inovação não se impõe, mas emerge, moldada pela realidade local. Um espaço onde a sustentabilidade não é discurso, é prática cotidiana.
