O Mato Grosso do Sul abriga uma das maiores populações indígenas do Brasil, sendo lar de diversas etnias que preservam suas tradições, cultura indígena e modo de vida mesmo diante dos desafios impostos pela modernidade. Conforme dados do Censo/IBGE 2022, o estado é a terceira maior população indígena do Brasil, com mais de 116 mil pessoas. Entre os povos que habitam a região, os Guarani-Kaiowá, os Terena, os Kadiwéu, os Guató, os Kinikina e os Ofayé Xavante se destacam por sua história, resistência e rica contribuição para o patrimônio cultural brasileiro.
Os Guarani são um dos maiores grupos indígenas do estado e possuem uma relação profunda com a terra, que consideram sagrada. Sua espiritualidade é um dos pilares de sua cultura, expressa em rituais, cânticos e na busca pela Terra Sem Males, um conceito fundamental em sua cosmologia. A luta pelo reconhecimento de seus territórios tradicionais tem sido uma das principais batalhas desse povo, que enfrenta desafios relacionados à demarcação de terras e à preservação de sua identidade cultural.

Outro povo de grande relevância no estado são os Terena, conhecidos por sua organização social e habilidades na agricultura e no artesanato. Suas cerâmicas, cestarias e trançados são expressões artísticas que atravessam gerações, preservando técnicas ancestrais e carregando significados espirituais e culturais. Além disso, os Terena desempenham um papel ativo na sociedade contemporânea, participando de iniciativas educacionais e políticas que buscam fortalecer os direitos indígenas.
Os Kadiwéu, por sua vez, são reconhecidos por sua tradição guerreira e pelo impressionante trabalho com a pintura corporal e a cerâmica. Suas peças de barro, ricamente decoradas com padrões geométricos, são admiradas não apenas no Brasil, mas também internacionalmente. A arte dos Kadiwéu vai além da estética; cada traço carrega simbolismos e narrativas sobre sua história e sua conexão com a natureza. Historicamente, esse povo teve grande importância durante a Guerra do Paraguai, quando lutaram ao lado das tropas brasileiras, um feito que reforça sua resistência e participação na construção da história nacional.

Os Guató são um povo indígena tradicionalmente ligado às regiões pantaneiras, sendo conhecidos por sua habilidade na navegação e na pesca. Vivendo em canoas e às margens dos rios, os Guató possuem uma cultura fortemente influenciada pelas águas, com um conhecimento profundo sobre os ciclos naturais e a fauna local. Após anos de quase extinção, o povo Guató tem se reorganizado e fortalecido sua identidade, lutando pelo reconhecimento de seus territórios e pelo direito de continuar vivendo de acordo com suas tradições.
Os Kinikina, por sua vez, são um grupo indígena menos conhecido, mas igualmente relevante para a diversidade cultural do Mato Grosso do Sul. Sua história é marcada pela resistência e pela busca pelo reconhecimento de sua identidade. Com práticas tradicionais que envolvem o cultivo da terra e a produção de artesanatos, os Kinikina seguem preservando sua cultura e transmitindo seus conhecimentos às novas gerações.

Os Ofayé Xavante são um grupo indígena que tem enfrentado desafios históricos para manter sua identidade e tradições. Com um modo de vida baseado na caça, pesca e coleta, os Ofayé Xavante possuem uma rica tradição oral que transmite histórias e conhecimentos ancestrais. Atualmente, enfrentam desafios relacionados à demarcação de terras e à necessidade de adaptação às novas realidades, sem perder sua identidade cultural.
Além das ricas culturas indígenas, o Mato Grosso do Sul abriga também cerca de 22 comunidades quilombolas distribuídas por 15 municípios. Esses grupos descendem de africanos escravizados que buscaram refúgio e liberdade, criando comunidades autossuficientes e culturalmente ricas. As comunidades quilombolas preservam tradições como a música, a culinária e os festejos religiosos, além de manterem práticas agrícolas sustentáveis herdadas de seus ancestrais. A luta pela regularização de seus territórios e pelo reconhecimento de seus direitos ainda é uma realidade, tornando essencial a valorização e o apoio a essas comunidades para a manutenção de seu patrimônio cultural.
A preservação da cultura indígena no Mato Grosso do Sul é essencial para a valorização da diversidade brasileira. Os conhecimentos tradicionais desses povos, que envolvem práticas sustentáveis de manejo da terra, medicina natural e expressões artísticas, são patrimônios que enriquecem a identidade do país. Cada cultura preserva sua história por meio da pesca, caça, artesanato, confecção e uso de penachos e cocares, danças, crenças e tantos outros tesouros mantidos pela tradição.
No entanto, esses grupos ainda enfrentam desafios como a luta por território, a garantia de direitos e o respeito às suas tradições. Valorizar e divulgar a cultura indígena não é apenas uma forma de reconhecimento histórico, mas também um passo essencial para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com suas raízes. É fundamental respeitarmos e compreendermos a singularidade de cada povo.
Lançado em 2019 pela editora da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), com o título “Povos indígenas em Mato Grosso do Sul: história, cultura e transformações sociais”, é a enciclopédia composta por uma compilação de artigos sobre os povos indígenas assentados no estado e áreas geográficas contíguas, reunindo histórias contadas ou escritas. A obra é resultado do trabalho das pesquisadoras Graciela Chamorro e Isabelle Combès.
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Esse conteúdo é uma parceria com a Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul