O mundo está doente. Em apenas um dia, matérias jornalísticas que vêm nas mais variadas formas, esfregam na nossa cara notícias sobre fome, miséria, vícios, mortes e uma infinidades de temas que comprovam a afirmação: o mundo está doente. Mas é claro, temos nosso trabalho, nossa família e tentamos fazer nossa parte apesar dos pesares.
A mentalidade de que não podemos fazer nada, de que somos pequenos e incapazes para mudar algo, está impregnada em nós. E deixamos essa mentira se enraizar de tal forma que nos tornamos meros expectadores das desgraças alheias. Torcendo pelo bem, mas de longe.
Porém, existem certos momentos da nossa vida que olhamos para nós mesmos e conseguimos perceber o quão abastados somos. Nesse instante resolvemos que podemos e devemos fazer algo pelo outro, pelo próximo. Acredito que essa situação chega, de diferentes maneiras, para todo mundo. E o jeito como respondemos a esse chamado nos divide, de modo geral, em dois grupos: àqueles que fazem algo a respeito disso e os que transformam esse oportunidade em um desejo passageiro.
Eu escolhi o primeiro grupo. E após terminar a minha faculdade de jornalismo em 2015, resolvi que queria ajudar, queria ser útil, ensinar algo. E embarquei para fazer um voluntariado por um mês e meio em Santiago, no Chile. Lá eu trabalhei com jovens com consumo problemático de álcool e outras drogas. Em outro texto falo mais a respeito do projeto em si e do meu trabalho, assim como sobre a organização que possibilitou minha experiência.
Aqui quero apenas compartilhar 3 aprendizados meus para que você, se ainda não escolheu, escolher o primeiro grupo também:
1 – Querer ensinar é ilusão
Voluntariado te ensina a ser humilde para poder entender o que Sócrates paradoxalmente afirma “só sei que nada sei”. Isso acontece pois vamos ávidos para ensinar algo, para passar conhecimento, e que fique claro que não há nada de errado nisso, mas quebramos a cara bonito. Logo você percebe que tem muito mais para aprender do que para ensinar. Que seu conhecimento é um monte de informação empilhada, e que o verdadeiro conhecimento está muito além de matérias aprendidas na escola ou na faculdade. E que talvez, alguém que não saiba ler, tenha muito mais para te ensinar do que você a ele.
2 – É verdade, você não muda nada!
Quando você se dispõe a fazer um voluntariado, você vai com a gana de mudar tudo! É uma prepotência normal, eu diria. Mas as coisas não são como a gente quer e muito menos no nosso tempo. E parece que nossos esforços são completamente inúteis. Mas de repente, uma pessoa olha no seus olhos, lá no fundo, dentro da sua alma e te diz: OBRIGADO! E você sente que assim como ela toca sua alma nesse agradecimento, você tocou a dela.
Então entende o que significa mudar o mundo! Que não é mudar o planeta, não é mudar o sistema, acabar com as injustiças e de repente instaurar um sistema onde todos são felizes. Você entende que cada pessoa é um mundo, e que talvez sua ação possa mudar uma vida, que pode mudar uma realidade. E tudo faz sentido. Você tem a certeza batendo dentro de você: Valeu a pena! O voluntariado é na verdade uma semente. Uma semente de esperança no outro e em você!
3 – Você não precisa ir para lugar algum
Depois de viver tudo e voltar pra casa com os aprendizados que disse acima e mais mil outros, você entende uma coisa espetacular: Você pode ser um agente de mudança sem sair de casa! Sem precisar ir para África ou para uma favela. Sem precisar ir pro meio do mato ou para uma ONG. Você descobre que existem pessoas do seu lado, do seu convívio, que precisam dessa semente de esperança que agora está em você. Percebe que pode ajudá-la e aprende a se dispor! E esse pra mim é um dos aprendizados mais lindos, pois você compreende que de fato mudou o mundo, mudou o seu próprio mundo!
É preciso coragem e ousadia para desmistificar essa condição passiva e entender que podemos sim ser agentes transformadores de realidades. Mas é preciso fazê-lo, dar o primeiro passo! Aqui quero te encorajar a enfrentar esse desafio do voluntariado, pelo menos uma vez, para entender na pele esses aprendizados. Eu gostaria que você pudesse absorver de fato tudo escrevi, mas a verdade é que são só palavras. Esse é o tipo de conhecimento que só se aprende vivendo. Vá, o tempo é agora!