Quais as expectativas para 2021? Eu era criança quando houve a virada de 1999 para 2000, portanto não lembro como foi a expectativa da virada do milênio. Ou em 2001 com a virada do século. A verdade é que viradas são para nós como um “pit stop” em que trocamos os pneus, checamos o óleo, reabastecemos e continuamos a corrida. Acredito que 2021, essa virada, é para nós como um “pit stop”. Depois do ano que foi sombrio, estranho e para alguns desesperador, respiramos (mesmo que ainda com máscaras, sem fogos e rodeados de poucos e bons) o cheiro de nova estação chegando.
Com muita cautela olho para 2021. Agora dá medo de planejar, dá medo de colocar certeza na vida que é absolutamente incerta. Dá medo de olhar para o futuro. E é péssimo escrever um texto sobre expectativas de um ano novo com um parágrafo dedicado a falar sobre a dúvida que paira no ar sobre esse ano. Mesmo que eu seja uma pessoa otimista, não há como negar que 2020 foi o ano que nos provou que o controle está longe de estar nas nossas mãos.
Mas uma coisa aprendo, o que vale não é o passado e sinceramente, nem tampouco o futuro. O que importa é hoje. O que eu posso fazer hoje? O que está nas minhas mãos hoje? E a minha única e grande expectativa para 2021 é que eu possa, de maneira decidida, intencional e organizada, fazer tudo que posso e devo fazer hoje. Sem deixar para amanhã, sem dar desculpas usando o ontem.
Lendo assim parece simples. Mas não é. E justamente por não ser que a ansiedade tem tanta legalidade e nos abraça de maneira tão despercebida que só nos damos conta quando ela aperta demais, e às vezes nos tira o ar.
Olhar para o futuro é bom. Planejar o futuro é essencial. Mas viver? Viver tem que ser um presente e no presente. E como conselho, para você que lê e para mim que escrevo, para não enlouquecermos com a dúvida de um ano que chega trazendo a promessa de ser melhor mas sem nenhuma garantia nas mãos… Vivamos apenas o hoje.
Porém não posso finalizar esse texto sem dizer quais são minhas expectativas para 2021, afinal esse é o título. Para tal vou contar uma breve história: Visitei esses tempos uma reserva indígena na Serra da Bodoquena. Não é um passeio ou atrativo, com estrutura e tudo mais, é como o próprio nome diz… uma reserva. Portanto é de um mato fechado, não tão convidativo para que não tem tanta amizade com a natureza, se é que posso colocar dessa forma.
Fizemos uma trilha, que para quem faz a primeira vez tem sempre o medo de: Tem certeza que temos que ir por ai? Alguns momentos a trilha desaparece e você tem que simplesmente seguir o barulho da água ao fundo. Então chega nessa cachoeira, tem aproximadamente 20 metros. Subi a cachoeira (sim, sem equipamentos e sem segurança, apenas me apoiando nas pedras e alguns galhos – não façam isso). E ao chegar, me deparei com essa cena: A Serra da Bodoquena ali como numa janela.
Neste momento fiz meus desejos (e logo registrei as expectativas): Quero que esse ano tenha a superação e coragem para subir uma cachoeira na raça, tenha a leveza e delícia dessa água corrente que me lava, tenha a beleza e exuberância da paisagem que se estende a minha frente e a surpresa e alegria de poder ver e viver tudo isso.